domingo, 26 de fevereiro de 2012

Olhos



No livro Os fundamentos do Budismo, de Elena Roerich, representante oficial da Ordem Rosacruz no Tibete, encontramos que: Carma é a ação de consequências do que é feito pelo homem em atos, pensamento e palavra... Daí, a responsabilidade do homem diante de tudo que existe e, sobretudo, diante de si mesmo...




O que chamo de carma não é mais que pensamento, pois, tendo pensado, o homem agiu com seu corpo, sua palavra e sua mente.Você, que aceita essa verdade, discipline‐se e queira ser feliz.

Reconheça, em si mesmo, que seu comportamento pode ser melhorado e que alguns hábitos negativos de sua personalidade devem ser mudados. Se sua visão enfraqueceu e você já não consegue ler ou enxergar como antes, ou mesmo se você trouxe essa deficiência desde o nascimento, está na hora de refletir sobre seus pensamentos e atitudes passados.

Consulte o ”arquivo” das emoções e procure aquele sentimento de recusa e inflexibilidade em acreditar que tudo pode mudar. Provavelmente, algum fato, ou a própria vida o feriu, fazendo com que você prefira não ver tal ou tais coisas ou pessoas que o fizeram sofrer.

Você diz que já esqueceu o problema e que até já perdoou. Entretanto, seu inconsciente não mente e você pode estar sendo Vítima de sua consciência orgulhosa. Há muitas maneiras de ”negarmos” a visão:

Quando estamos em estado de depressão constante; quando um fato desagradável em família nos ”cega” de raiva ou ressentimento; quando passamos certos momentos, em nossa vida, que não nos agradam, ou teimamos em não ver o outro lado das questões; ou, mesmo, quando não queremos mais cruzar com a pessoa ou situação que nos atormentam, etc.

Para exemplificar, vou contar um fato.

Certa ocasião, conversando com uma mulher que havia perdido a visão repentinamente ouvi dela que ficara cega do olho esquerdo por causa do rompimento do nervo óptico — segundo diagnóstico dos médicos. Perguntei‐lhe há quanto tempo o fato havia acontecido. ”Há cinco anos”, respondeu‐me.

Passei, então, a fazer‐lhe novas perguntas para que eu, através de suas próprias respostas, pudesse auxiliá‐la em sua reabilitação. Perguntei‐lhe se guardava mágoa de alguém ou não queria ver algum homem que lhe fizera tanto mal. Ceticamente respondeu‐me que não tinha problemas com homem algum.

Resolvi ir mais fundo e direto na questão: perguntei‐lhe qual o fato marcante que lhe ocorrera há cinco anos... envolvendo algum homem. A essa pergunta sua reação foi imediata: deixou vir à tona suas emoções escondidas. Era o que eu buscava. Ressentida, revelou‐me que naquela época seu pai havia falecido e que isso fez com que ela sofresse muito.

As cenas descritas e a sequência de detalhes sobre a morte de seu pai mostraram‐me que carregava em seu coração o trauma de sua perda. Disse‐lhe, então, que enquanto ela não perdoasse o pai por tê‐la deixado e não passasse a aceitar os acontecimentos da vida com compreensão e gratidão, sua vista não voltaria ao normal

Se o cérebro dessa mulher estiver com o hemisfério cerebral esquerdo mais desenvolvido — cética, analítica, fechada, repetitiva, etc. — com certeza terá de esperar muito tempo até que outras pessoas lhe digam o mesmo, fazendo‐a entender o quanto é importante o autoconhecimento para a solução de muitos problemas.

Mas, se seu hemisfério cerebral direito for o mais desenvolvido — amplo, receptivo, aberto, intuitivo, emocional, meditativo, etc. — ela, pelo menos, pensará no assunto e encontrará uma forma de ”conversar” com seu próprio coração e descobrir porque ainda sofre inconscientemente.

É muito fácil para a mente restaurar um nervo óptico! Difícil é mandar uma mensagem simples e direta para que ela trabalhe objetivamente, pois a mente consciente desconhece que a comunicação com a mente subconsciente deve ser clara e simples.

Todo e qualquer esforço no sentido de exteriorizar a força interior através de rituais, alegorias, frases longas, orações, etc., esbarra na dificuldade da realização total, ou seja, quanto mais complicamos a mensagem que deve ser dirigida à mente subconsciente, menos ela assimilará o objetivo que você deseja.

Ela responde com maior rapidez às frases simples, curtas, objetivas, firmes (positivas) e coerentes com as emoções. Interiorize‐se, concentre‐se e mande à sua mente desejos e emoções com absoluta convicção, caso contrário ela preferirá manter como resposta o pedido anterior, ou seja, os sentimentos convictos que você mais freqüentemente manifestou, mesmo que tenham sido negativos.

Para sua mente inconsciente, basta pensar com emoção e crença para que ela se manifeste psicossomaticamente ou através do ambiente em que vivemos. Portanto, se algo em nossa vida causou‐nos sensações fortes de tristeza, medo, ódio, desgosto, etc., o corpo servirá como portavoz da nossa mente, para nos mostrar que estamos saturando nosso coração, guardando tantos ”lixinhos” do passado ou medos do futuro.

Sua mente está fazendo tudo para o seu bem. Ela não distingue o bem e o mal que a consciência conhece. Portanto, ajude o seu inconsciente a compreender o que você quer. Para ela basta ser coerente com o pensamento‐emoção e lá estará, trabalhando imediatamente como o ”gênio da lâmpada”, realizando todos os seus desejos.

Queira ver! Deseje ver! Faça amizade com seu ego e elimine a vaidade extrema, o orgulho, o medo, que ”proíbem” o ser humano de ver o que tem de ser visto. Pare de se incomodar com as coisas feias da vida. Pare de comentar a parte feia do mundo, o que há de errado na política, na família e com os amigos e colegas.

Observe o mundo, veja como ele sobrevive pelas coisas boas e aprenda a conviver com as más, usando‐as como experiência e ferramenta para cavar mais fundo a jazida das coisas boas do seu coração. Não é criticando o lado ruim das pessoas que você fará com que elas mudem. Pelo contrário: é elogiando suas boas intenções e seus pequenos atos corretos que as fará melhorar.

Todo ser humano deseja ser elogiado e tende a não aceitar críticas, proibições e não melhora, às vezes, por simples orgulho ferido. Procure ver além das aparências. Queira ver o bem que existe em tudo e você sentirá que seu mundo está protegido pelos bons pensamentos que você mesmo emanou no passado. Tudo aquilo que pensamos torna‐se realidade, mais cedo ou mais tarde.

Então pense somente em coisas boas; fale somente palavras de amor; saiba repreender com carinho, veja as razões das outras pessoas e não seja tão ”pequeno” a ponto de achar que ver o outro lado da questão seja perder tempo. Todas as pessoas têm sua verdade, que deve ser respeitada.

Perdoe, seja forte e paciente, porque jamais paramos de aprender. Tudo que, aparentemente, parece ser uma ameaça, no fundo está nos propiciando uma nova forma de lidar com nossas próprias emoções. É a vida nos dando oportunidade de crescer.

Se seu padrão de pensamentos é único e restrito e você acha que a verdade é somente a sua, reflita e seja sincero consigo mesmo. Procure, pela humildade, ver tudo ao seu redor com o coração de criança. As mudanças da vida são necessárias para o nosso desenvolvimento interior. Portanto, queira ver tudo para crescer e ser totalmente feliz.

Cristina Cairo



Fonte: Extraído do Livro "Linguagem do Corpo: Aprenda a Ouvi-lo Para Uma Vida Saudável"