terça-feira, 15 de maio de 2012

Pensamentos, Impulsos de Inteligência - A Mente Humana, um Reservatório de Inteligência



Este  livro  nada  mais  é  que  a  expressão  dos  meus pensamentos,  que  chegam  até  a mente do  leitor  através de  seus sentidos. Olhe  em  volta  e  verá  os  pensamentos  se manifestando em todos os lugares.



A cadeira em que está sentado se originou de um  pensamento,  assim  como  a  casa  ou  o apartamento  em  que mora, a cama em que dorme, as roupas que usa, o alimento que come, o  trabalho que  faz. Não há como contestar este  fato óbvio: tudo  o  que  o  ser  humano  fabrica  —  estradas,  carros,  jatos, espaçonaves,  computadores,  romances  góticos,  doces  —  são pensamentos manifestos.

Alguns  deles  são  seus, mas  a maioria vem  de  pessoas  que  você  nem  conhece.
Mas  todos  surgem naturalmente  da mente  humana,  que,  portanto,  é  o  reservatório da  inteligência criativa. Quando os pensamentos  férteis são bem organizados,  transformam-se  com  facilidade  em  ação,  e  dessa ação  resultam  manifestações  externas  como  livros,  objetos  e corpos saudáveis.

O caminho que liga a consciência à criação permeia todas as nossas  experiências;  apenas  não  prestamos  atenção  nele. Se o fizéssemos, uma nova vida viria à  luz. Por exemplo, vamos supor que  eu  sou  um  artista. Os  impulsos  de  inteligência  que  nascem em  minha  consciência  —  minha  mente  —,  quando  bem organizados,  conduzem  à  ação.  Junto  tela,  tintas,  pincéis  e começo a misturá-los de  forma organizada.

O resultado será algo novo  criado  por  meus  pensamentos,  um  quadro.  Para  que  a pintura se materialize há algumas premissas indispensáveis: (a) a consciência, ou mente, da qual nascem (b) meus pensamentos, ou impulsos  de  inteligência  criativa;  eles  surgem  (c)  de  forma organizada e (d) levam à ação, que culmina em (e) meu quadro — uma pintura relativamente satisfatória do Taj Mahal sob o luar.

A  capacidade de  organizar pensamentos  é  tão  inata quanto os  próprios  pensamentos,  ou  o  fato  de  eles  serem  inteligentes. Toda atividade que não é casual — e nenhum ato criativo é casual —  traz embutido  o  poder  de  organização.  Assim,  quando  o arquiteto  faz  a  planta  de  uma  casa,  cada  linha  traz  em  si  a capacidade  de  se  manifestar  como  parte  da  estrutura  física completa.

As  idéias  literalmente  possuem  a  faculdade  de  se transformar em objetos. Tendemos a  ignorar esse poder pelo  fato de  ele  estar muito  entranhado  em  nossa  inteligência. Quando  a mente quer que a mão  se  feche, a  resposta  é automática, mas  é preciso  um  curso  inteiro  de  fisiologia  para  explicar  que  esse movimento  é  comandado  pelo  cérebro  através  de neurotransmissores,  hormônios,  descargas  elétricas,  enzimas  e músculos — para não citar a  inteligência que mantém a vida e o corpo como um todo.

Na verdade, podemos definir “mente” como a estrutura que processa o poder de organização. E  as  coisas  que não  foram  criadas  pelo homem,  os  objetos da  natureza?  Eles  se  inserem  em  duas  categorias:  animados  e inanimados.  Isso  não  significa  que  todas  as  culturas  vejam  as plantas  e  os animais  como  seres animados,  e  o  fogo, a  terra  e  o vento como inanimados.

A ciência já admite que todos os níveis de seres  vivos  possuem  inteligência.  O  poder  organizador  vai  do cérebro  até  o  núcleo  das  células.  No  momento  de  nossa concepção,  o  óvulo  fertilizado  nada mais  é  que  um  conjunto  de instruções organizadas codificado numa molécula de DNA. Essas instruções criam um ser humano.

Quando dão origem a um Albert Einstein,  a  capacidade  de mudar  o mundo  pelo  pensamento  dá um grande passo. Os elementos bioquímicos de uma única célula se  transformam na mente  super-criativa de Einstein. O poder de organização da vida, ou o conhecimento, é infinito. Analisemos  os  seres  inanimados  da  natureza.  Pegue  uma pedra  e  fracione-a  —  esmigalhe,  esfarele,  separe  os  elementos químicos básicos, os átomos e seus constituintes fundamentais.

O que  vemos?  Organização.  Vemos  prótons,  elétrons  e  outras partículas  dispostas  de  forma  organizada.  E  essa  organização  é automática e  inteligente. Todos os seres inanimados da natureza possuem um conhecimento próprio. A  questão  é:  tudo  o  que  apreendemos  do  universo  através dos sentidos — ou seja, as coisas feitas pelo homem e as naturais, animadas ou inanimadas — é expressão do poder organizador, ou conhecimento.

Já discutimos como esse conceito se aplica a nossa mente.  A  consciência  —  cada  impulso  da  mente  humana  — contém  o  conhecimento.  Na  verdade,  esse  conceito  pode  ser estendido  a  todo  o  universo. O  próprio  Einstein  observou  que  a ciência  começa  “na  convicção  profunda  da racionalidade  do universo”. Ele disse que se sentia “espantado com a harmonia das leis naturais”, e acreditava que essa harmonia apontava para uma inteligência superior.

Um dos conceitos mais famosos dos Vedas é o de que “Eu sou Isso, tu és Isso, tudo é Isso, e Isso simplesmente é”.  Não  se  trata  de  uma  charada  mística,  pois  “Isso”  é  a “inteligência”. Tudo  no  universo,  então,  emerge  da  consciência  como conhecimento.  Isso  significa  que  a única  coisa  tangível  e  real do universo  é  o  conhecimento.

Esse  conhecimento  (o  poder organizador)  situa-se  na  consciência,  e  o mundo material  não  é real.  A  realidade  própria  das  coisas  materiais  é  inegável  —  as estrelas, as rochas, os cogumelos e os cangurus estão aí —, mas, na  origem,  elas  são  a  manifestação  de  uma  realidade fundamental, o conhecimento.

Napoleon Hill, que criou uma teoria para  se  obter  sucesso  na  vida  baseada  nesse
conceito, afirma:“Não olhamos para o visível, e sim para o invisível, pois o visível é transitório e o invisível, eterno”. Vamos  analisar  essa  afirmação  na  prática.  Primeiro,  temos uma  consciência  na  qual  residem  todos  os impulsos  de inteligência criativa, que são expressos na forma de pensamentos.

Quando esse processo se dá de forma organizada — ou seja, pelo poder  organizador,  ou  conhecimento —,  eles  levam  à  ação,  que resulta em criação material. E o processo que ocorre dentro de nós acontece em  todo o universo. Nossos  impulsos são  iguais a  todos os  outros  impulsos  de  inteligência.  Nós  os  chamamos  de pensamentos porque é assim que os entendemos.

O pássaro que sobrevoa  o  Atlântico  também  tem  um  impulso  de  inteligência  a guiá-lo, que o faz migrar (e, antes disso, estocar alimento, escolher a  estação  certa  etc.).  O  impulso  do  pássaro  é  um  tipo  de pensamento,  e  só  não  o  consideramos  assim  porque  estamos acostumados  à  ideia  de  que  os  pensamentos  são  um  atributo humano.

Mas também poderíamos dizer que são pensamentos que levam as abelhas a recolher o pólen e transformá-lo em mel. Toda a natureza, portanto, é um universo pleno de todos os tipos  de  impulsos,  ou  pensamentos,  que  se  expressam  na infinitude da criação. O mesmo  acontece  com nosso  corpo. A mesma  inteligência infinita opera nele.

Só que estamos acostumados a pensar que a inteligência só existe no cérebro; ou seja, para nós,  inteligência é igual  a  capacidade  intelectual.  No  entanto,  com  essa  nova percepção,  descobrimos  que  a  inteligência  permeia  todas  as células do organismo. A complexa máquina  formada por coração, rins,  sistema  endócrino  e  imunológico  é  uma  manifestação  do poder  organizador.

Chegamos  à  conclusão  inevitável  de  que  a mente, consciência ou inteligência, é intrínseca a todo o universo. Nossa  própria  mente  é  expressão  dessa  inteligência;  dela  a consciência humana extrai uma infinidade de oportunidades.

Capítulo anterior: (A Felicidade e a Química Cerebral da Saúde).

Deepak Chopra



Fonte: Trecho do Livro "Conexão Saúde"