quarta-feira, 8 de maio de 2013

Como Fazer EFT Para Atingir o Autoperdão

No artigo passado escrevi sobre “A importância do auto perdão”, deixando claras as consequências negativas extremamente sabotadoras que acontecem conosco quando não nos perdoamos pelos erros cometidos. Conforme explicado, dentre as consequências nocivas, tendemos a nos punir inconscientemente prejudicando ainda mais a nossa vida.


Na teoria, muitas pessoas têm consciência que seria muito bom caso se perdoassem verdadeiramente, mas o que acontece com a maioria é que, mesmo sabendo disso racionalmente, ainda guardam sentimentos de raiva de si mesmo, arrependimento, mágoa etc. Não basta apenas dizer da boca para fora que se perdoou, o mais importante é sentir que não existem quaisquer sentimentos negativos guardados com relação a si próprio ao lembrar do ‘erro’ cometido. Somente aí é que o autoperdão se torna real e estaremos livres das consequências negativas sabotadoras.

Ao usarmos a EFT, conseguimos dissolver de forma profunda e, normalmente, bem rápida, as emoções negativas. Por isso, a técnica é excelente para que possamos nos libertar da culpa, mágoa ou raiva de nós mesmos e, assim, atingir uma sensação de paz interior com relação aos erros que cometemos no passado. Vamos ver nesse artigo como usar a EFT para atingir esses resultados.

É possível utilizar a técnica para qualquer lembrança que traga desconforto emocional: um aborto cometido, uma briga com alguém, algo que você fez ou deixou de fazer e que se arrependeu ou se sente culpado, algo que você disse pra alguém, uma falha cometida com os filhos ou outros familiares, erros cometidos no trabalho, um investimento mal sucedido, uma decisão errada, uma injustiça que você cometeu com alguém, um abuso que você sofreu, mas que de alguma forma se culpa por isso etc.

Para que você possa utilizar a técnica em você para a finalidade do autoperdão, é preciso inicialmente que você identifique o fato que traz essa sensação desconfortável com relação a você mesmo. Depois de identificado o evento, você deve se lembrar do ocorrido e vão deixar vir à tona todos os sentimentos negativos. Preste bem atenção no que surge e identifique os sentimentos como culpa, raiva, mágoa, medo, tristeza, arrependimentos etc. Colocar tudo no papel ajuda bastante. Escreva o nome da emoção (ou das emoções) que surge(m), e identifique, também, as razões, ou seja, os pensamentos que justificam cada sentimento. Quando tiver tudo isso listado no papel, você terá um bom material para começar a aplicar a EFT. Vou exemplificar melhor.

Vamos supor uma mulher que tenha feito um aborto e que chegue ao consultório para tratar as emoções ligadas a esse fato (obs.: escolhi exemplificar com esse tema, pois é um problema muito comum e que traz sérias consequências emocionais para muitas mulheres. Esse assunto surge bastante no consultório como pano de fundo para uma série de problemas emocionais que a pessoa nem imagina que foram causados pelo aborto; na verdade, causados pela culpa e todos os sentimentos gerados pela prática deste ato). A pergunta que vou fazer inicialmente é: “qual o sentimento mais intenso que vem à tona ao pensar no aborto?” Ou então: “qual é a pior coisa que a você sente ao pensar no aborto?” A resposta pode ser algo do tipo: “sinto uma tristeza, uma sensação de culpa também...”. Deixo a pessoa falar mais um pouco e faço mais perguntas para estimular que surjam mais pensamentos e sentimentos negativos. Pode surgir muita coisa ligada à religião e/ou espiritualidade: “interrompi uma vida...”; “tenho medo das consequências”. “fico imaginando como seria a criança hoje, a idade que teria”. Podem surgir também sentimentos com relação a terceiros: “tenho raiva do meu ex-namorado que não quis assumir”; “tenho raiva dos meus pais que não me deram apoio”.

Com esses pensamentos e sentimentos iniciais já podemos começar a aplicar EFT.

Vamos formular a rodada:

Frase de preparação: “mesmo que eu me sinta culpada ao pensar que fiz um aborto, eu me aceito profunda e completamente” – repete três vezes enquanto bate no ponto do karatê;

Topo da cabeça: eu me sinto culpada;

Início da sobrancelha: eu sinto uma tristeza;

Lateral do olho: fico imaginando como seria o meu filho;

Embaixo do olho: se seria menino ou menina;

Embaixo do nariz: sinto-me culpada;

Embaixo do lábio inferior: eu interrompi uma vida;

Osso da clavícula: tenho medo das consequências;

Embaixo da axila: eu sinto uma tristeza;

Topo da cabeça: não tenho como voltar no tempo;

Início da sobrancelha: na época não via outra solução;

Lateral do olho: eu me sinto culpada;

Embaixo do olho: tenho raiva de fulano que não quis assumir o filho;

Embaixo do nariz: tenho raiva dos meus pais que não me apoiaram;

Embaixo do lábio inferior: eu sinto uma tristeza;

Osso da clavícula: sinto-me culpada;

Embaixo da axila: não tem como voltar atrás.

As emoções negativas que estão por trás dessas frases vão sendo dissolvidas durante a aplicação da técnica. Isso vai modificar a forma como a pessoa pensa e se sente a respeito do problema. Por isso, precisamos investigar o que se passa no seu interior logo depois da primeira rodada.

Após a rodada vamos perguntar: “o que você está sentindo agora? E por que está sentindo isso?” Podem ou não surgirem mais sentimentos e pensamentos diferentes dos iniciais. É preciso perguntar e deixar que as repostas surjam, pois as pessoas tendem a responder automaticamente sem prestar atenção ao que se está sentindo. Quando o cliente me responde “estou sentindo a mesma coisa”, eu peço para ele me contar detalhadamente o que é ‘a mesma coisa’. E é muito comum surgirem novos pensamentos e sentimentos quando o cliente achava que era ‘a mesma coisa’. Isso ocorre porque não temos total consciência do que está se passando na nossa mente e nas nossas emoções, a não ser que paremos para prestar atenção. Por isso, além de fazer as perguntas, eu peço ainda que o cliente expresse tudo novamente, assim eu o obrigo a verificar o que está se passando em seu interior e não deixo que ele me dê uma resposta mecânica dizendo que é ‘a mesma coisa’, pois na maioria das vezes não é. Colhemos as repostas e elaboramos uma nova rodada. Algumas frases permanecem, outras são modificadas, já outras são eliminadas da rodada. Isso ocorre porque as emoções vão se dissolvendo a cada rodada.

Devemos aplicar quantas rodadas forem necessárias até que e pessoa se sinta em total paz interior ao relatar o fato, isso significa não sentir mais culpa, tristeza, mágoa, arrependimento... nada! Quando chegarmos nesse ponto, teremos, então, atingindo o autoperdão. Isso pode ser alcançado em poucas rodadas, mas também pode ser que exija paciência e persistência na aplicação da técnica até que se chegue ao resultado desejado.

Para saber se realmente chegamos onde queremos, posso formular uma frase de teste. Por exemplo, posso pedir para a cliente dizer: “mesmo achando que foi um erro que eu cometi, eu assumo a responsabilidade e me perdoo incondicionalmente”. Depois da frase dita, eu pergunto se soou verdadeiro, se teve ressonância, se houve alguma resistência interior. Se houver alguma resistência, fazemos mais EFT para quebrá-la, até que a pessoa consiga dizer a frase sentindo nela uma verdade absoluta.

O tema do aborto é normalmente bastante doloroso de ser tratado. Uma ajuda profissional é certamente muito recomendável para tratar esse tema.

Bem, este foi um exemplo de como podemos usar a EFT para limpar sentimentos que nos impedem de nos perdoarmos. Adapte e use o conhecimento adquirido para aplicar para os seus problemas específicos.
André Lima


EFT Practitioner, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki e Engenheiro.

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