A mente está lá com todos. A possibilidade de escuridão e de luz ambos estão implicados nela. A mente em si mesma não é nem a inimiga nem a amiga. Você pode torná-la uma amiga, você pode torná-la uma inimiga. Depende de você - é você que está escondido por trás da mente.
Se você pode fazer a mente seu instrumento, seu escravo, a mente se torna a passagem através da qual você pode chegar à final. Se você tornar-se escravo da mente e ela for o seu mestre, então essa mente que se tornou mestre, vai levar você a angústia e escuridão.
Todas as técnicas, todos os métodos, todos os caminhos do yoga, são realmente preocupados profundamente, apenas com um problema: como usar a mente.
Corretamente usada, a mente chega a um ponto em que se torna não-mente. Indevidamente utilizada, a mente chega a um ponto em que ela é apenas um caos, muitas vozes antagônicas entre si - contraditórias, confusas, insana.
O louco no hospício e Buda sob a árvore Bodhi - ambos têm usado a mente, ambos passaram pela mente. Buda chegou a um ponto onde a mente desapareceu. Justamente utilizada vai desaparecendo, chega um momento em que não é.
O louco também usou a mente. Indevidamente utilizada, a mente torna-se dividida; mal usada, a mente torna-se muitos, erroneamente utilizada, torna-se uma multidão. E, finalmente, a mente louca está lá, você está absolutamente ausente.
A mente de Buda desapareceu, e Buda está presente em sua totalidade. A mente de um louco se tornou total, e ele desapareceu completamente. Estes são os dois pólos. Você e sua mente, se elas existem em conjunto, então você estará na miséria.
Ou você terá que desaparecer ou a mente terá que desaparecer. Se a mente desaparecer, então você alcança a verdade, se você desaparecer, você consegue insanidade. E esta é a luta: quem é que vai dissipar. Você vai desaparecer ou a mente? Este é o conflito, a raiz de toda a luta.
Estes sutras de Patanjali vão levar você passo a passo para esse entendimento da mente - o que é, que tipos de modos que leva, que tipos de modificações podem entrar nela, como você pode usá-la e ir além dela. E, lembre-se, você não tem mais nada agora - só a mente. Você tem que usá-la.
Indevidamente utilizada, você vai continuar caindo na miséria mais e mais. Você está na miséria. Isso é porque em muitas vidas você tem usado a sua mente de forma errada. E a mente tornou-se o mestre, você é apenas um escravo, uma sombra seguindo a mente.
Você não pode dizer para a mente, "Pare". Você não pode pedir à sua própria mente, sua mente continua ordenando que você faça, e você tem que seguí-la. Seu ser se tornou a sombra e o escravo, um instrumento.
A mente não é nada mais que um instrumento, assim como suas mãos ou seus pés. Se você quiser andar, seus pés - as pernas, elas se movem. Quando você quiser parar, elas param. Você é o mestre. Se eu quero mover a minha mão, eu vou movê-la, se eu não quiser, ela não se move.
A mão não pode dizer-me: "Agora eu quero ser movida." A mão não pode dizer-me: "Agora vou fazer o que quiser, eu não estou aqui para ouví-la." E se a minha mão começar a se mover, sem eu desejar isso, então ela vai ser um caos no corpo. O mesmo acontece na mente.
Você não quer pensar, e a mente vai pensar. Você quer dormir. Você está deitado em sua cama, virando de um lado para o outro, você quer ir dormir, e a mente continua, a mente diz: "Não, eu vou pensar em alguma coisa." Você vai dizendo, "pare", mas ela nunca te escuta. E você não pode fazer nada.
A mente também é um instrumento, mas você tem dado poder demais a ela.Tornou-se ditatorial, e vai lutar muito se você tentar colocá-la em seu devido lugar.
Buda também usa a mente, mas sua mente é como as pernas. As pessoas continuam vindo para mim e perguntam: "O que acontece com a mente de um iluminado? Será que simplesmente desaparecem? Ele não pode usá-la?"
Ela desaparece como um mestre, ela permanece como uma escrava. Mantem-se como um instrumento passivo. Um Buda quer usá-la, ele pode usá-la. Quando um Buda fala com você, ele terá de usá-la, porque não há nenhuma possibilidade de expressão sem a mente. A mente tem que ser usada.
Se você vai para um Buda e ele reconhece você, que você tenha ido lá antes também, ele tem que usar a mente. Sem mente, não pode haver reconhecimento, sem mente, não há memória.
Mas ele usa a mente, lembre-se, esta é a distinção - e você está sendo usado pela mente. Sempre que ele quer usá-la, ele a usa. Sempre que ele não quer usá-la, ele não a usa. É um instrumento passivo, que não tem poder sobre ele.
Então Buda permanece como um espelho. Se você chegar diante do espelho, o espelho reflete você. Quando você sai da frente do espelho, a reflexão tambem sai, o espelho é vago. Você não é como um espelho.
Você vê alguém, o homem se foi, mas o pensamento continua, a reflexão continua. Você continua pensando nele. E mesmo se você quiser parar, a mente não vai ouvir.
Domínio da mente é yoga. E quando Patanjali diz "cessação da mente", isso se entende: cessação como um mestre. A mente cessa como um mestre. Então não é ativo. Em seguida, ela é um instrumento passivo. Você ordena, ela funciona, você não da ordem, permanece parada. Ela está apenas esperando.
Não se pode afirmar, por si só. A afirmação está perdida, a violência está perdido. Ela não vai mais tentar controlar você. Agora é só o contrário.
Como se tornar mestre? E como colocar a mente para o seu lugar, onde você pode usá-la, onde, se você não quiser usá-la, você pode colocá-la de lado e ficar calado? Assim, todo o mecanismo da mente terão de ser compreendidos.
Osho em "Yoga: O Alfa e o Ômega, Vol.1"