Sentia muito ciúme dele, relatando os seguintes pensamentos e sentimentos (vou relatar de forma resumida): "Tenho raiva do Facebook, pois lá tem contato com mulheres. Me sinto desrespeitada por que ele postou um comentário na foto de uma mulher. Ele não pode ter admiração por outras mulheres, somente por mim (esse pensamento ela mesma achava absurdo, mas ainda assim sentia que ele tinha grande força). Eu demando muita atenção dele, quando ele não me dá, fico com raiva e a gente briga. Ele se esforça pra me dar atenção, mas nunca sinto que é o suficiente. Fico sempre procurando evidências de que ele está me traindo, me enganando, e de que não me ama."
Começamos então a tratar esses sentimentos com a EFT e a verdade foi surgindo por trás desse quadro emocional. Viviane começou a lembrar de algumas situações vividas na infância com seu pai. Segundo seu relato, o pai nunca lhe deu atenção. Vieram a tona cenas onde ela esperava que o pai a tivesse defendido e ele não tomou nenhuma providência; momentos onde ela estava doente e queria que seu pai lhe desse conforto e atenção. Sentia-se ignorada, não acolhida, sem a proteção do pai.
Toda essa experiência vivida com seu pai gerou vários sentimentos que ficaram gravados na criança se perpetuando até os dias de hoje. São pensamentos e sentimentos que ficam rodando no inconsciente, de uma forma não muito clara, mas que geram sensação de insegurança. Exemplos:
- Meu pai não me ama. Se amasse teria me dado atenção
- Me sinto rejeitada por que ele não me ama
- Deve ter algo de errado comigo, a culpa deve ser minha (esse é um tipo de pensamento que sempre está por trás da dor da rejeição, seja de forma consciente ou inconsciente)
- Eu não sou digna de receber amor (esse pensamento sempre está também por trás do sentimento de rejeição)
- Se meu pai que deveria me amar incondicionalmente não me ama, nenhum outro homem nem ninguém vai gostar de mim
Através dessa carência na relação com o pai, a autoestima de Viviane foi profundamente afetada. É preciso enfatizar que todos esses pensamentos e sentimentos não são claros. A criança fica triste e insegura e não sabe as razões que estão por trás do seu mal estar emocional. A emoção fica gravada, dificilmente é curada na infância, e a criança cresce e tende a reprimir em parte essas emoções.
Quando guardamos emoções negativas que não foram curadas, certamente vamos desenvolver dificuldades de relacionamento com as pessoas envolvidas nos eventos que deram origem a essas emoções. No caso de Viviane, ela tinha um relacionamento muito distante do pai. Mas, o mais interessante, é que vamos projetar essas emoções não curadas em relacionamentos com outras pessoas que nada tiveram a ver com o nosso passado: amigos, chefe, marido/esposa, figuras de autoridade e etc...
Ficou muito evidente a projeção que Viviane vinha fazendo, transferindo toda a raiva e sentimento de rejeição que vinha da relação com seu pai, no relacionamento com seu namorado. Essas projeções inconscientes acontecem o tempo todo, sempre que temos emoções não resolvidas; só que ocorrem de uma forma sutil e na maioria das vezes não nos damos conta. Normalmente vamos culpar a pessoa atual com a qual estamos lidando, não enxergarmos a nossa parcela de responsabilidade, e muito menos a projeção do passado que estamos fazendo.
Por guardar a sensação de que seu pai não a amava e de que ela não era digna de receber amor, Viviane projetava esse sentimento e queria que o namorado lhe desse atenção incondicional para suprir sua carência. Ao mesmo tempo, ela procurava provas o tempo todo, também de forma inconsciente, de que seu namorado não a amava. Quando guardamos sentimentos de rejeição, a nossa mente fica buscando provas de que realmente as pessoas não nos amam, e que por isso, não temos valor. Interpretamos as situações da vida através do nosso filtro emocional. É um mecanismo inconsciente de fortalecer a sensação da rejeição.
Aquela criança emocional carente do passado estava muito viva dentro dela, e, sempre que Viviane não tinha a atenção desejada, distorcia a situação e interpretava que seu namorado não a amava o suficiente. As brigas com o namorado eram na verdade brigas com o seu pai. Toda a raiva e cobrança que ela sentia e que não havia expressado na infância, eram jogadas na relação atual.
Quanto mais baixa a nossa autoestima, mais significa que temos esses e outros conflitos emocionais que ficaram do passado, e mais iremos fazer essas projeções inconscientes nas nossas relações atuais.
Fizemos uma sessão muito produtiva onde pudemos tratar e dissolver diversos sentimentos, o que refletiu em uma significativa melhora da insegurança, diminuição do ciúme e da necessidade de atenção.
André Lima
EFT Practitioner, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki e Engenheiro.
Fonte: EFT - Liberdade Emocional