segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Três Conselhos Espontâneos de Lama Michel





Lama Michel já voltou para a Itália, mas seus ensinamentos continuam se expandindo no Brasil...

Há poucas semanas, estava conversando com meu filho Lama Michel sobre a disponibilidade interna que precisamos ter ao encarar projetos que nos comprometem a longo prazo. Quando espontaneamente ele me disse: "Mãe, eu aprendi três coisas: não tenha medo de ser quem você é, saiba até aonde você quer ir e ofereça ao invés de pedir.".






Assim que pude, anotei nossa conversa. Conforme compartilho com amigos e pacientes estes três pontos, vejo o quanto eles são um conselho real e profundo.

Lama Michel ressaltou:"É melhor que a gente seja transparente, pois mais pra frente vai vir à tona quem somos realmente. Então, uma vez que vamos ter que lidar de qualquer maneira com nossas dificuldades, é melhor procurar desde o início encontrar soluções do que criar desentendimento e decepção mais tarde.".

Muitas vezes, temos receio até mesmo de expressar nossas qualidades e dons, pois não estamos familiarizados com a simples experiência de nos expormos, isto é, de nos expressarmos de modo singular.

Quando criança, aprendemos, sem nos darmos conta, muito sobre como devemos nos comportar para sermos mais aceitos, conquistar atenção e recursos para nossas necessidades básicas. Ao crescer, muitas destas associações ganham um novo peso conforme aprendemos a nos relacionar com as pessoas e com situações muito diferentes da nossa original.

Aprendemos a fazer ajustes e a sermos mais flexíveis ao reconhecer que também podemos ter um modo próprio de expressar nosso potencial criativo.

No entanto, quando não formos estimulados a nos expressar, iremos criar preconceitos a respeito de nosso modo natural de ser: precisamos lutar para ser quem de fato somos.

Se em nosso ambiente de infância tivemos tido pais (ou as pessoas mais próximas de nosso convívio) que souberam expressar o seu próprio potencial criativo, mais tarde esta lição será mais fácil de ser praticada por nós mesmos. Mas se eles não foram pessoas interessadas em aprender e explorar o mundo à nossa volta, com muitos dogmas e preconceitos, teremos que descobrir por nós mesmos como mobilizar em nosso interior disponibilidade e inspiração para fazer novas descobertas.

Quanto mais sincero tiver sido o modo de se expressar de nossos pais, menos estereotipado será o nosso comportamento quando adultos. Cada um sabe o quanto teve que treinar para ter a satisfação de ser quem se é...

O segundo ponto a que Lama Michel se referiu - saber até onde queremos ir -, sem dúvida só pode ser conquistado com a maturidade. Saber trazer o sonhos para a realidade, a inspiração para a realização e ajustar nossas expectativas com uma visão de futuro é um desafio e tanto! Requer autoridade interna e muita sinceridade, seja em relação ao nosso próprio potencial, seja para com o ambiente em que nos inserimos...

Por fim, o terceiro ponto - oferecer ao invés de pedir -, merece uma reflexão maior. Podemos, por ora, apenas nos questionar: quando estamos de fato oferecendo algo? Quantas vezes, quando damos algo a alguém, não temos a intenção de ganhar algo com isso ou até mesmo de seduzir a pessoa?

Bel Cesar


Psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções, Mania de sofrer e recentemente O sutil desequilíbrio do estresse, todos pela editora Gaia.
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Email: belcesar@ajato.com.br

Fonte: Somos Todos Um