O título desse texto "desistir dos outros" eu sei, dá pano pra manga. Principalmente porque na nossa sociedade, valorizamos demais alguns conceitos de “civilidade” que na prática não funcionam.
Você até pode achar, e a cabeça acha muita coisa, que se você de repente começar a deixar os outros pra lá, vai se tornar uma espécie de ser insensível, mau...
Mas se você pensar um pouquinho, perceberá que existe um limite pra tudo. Limite esse que nós não respeitamos. E os outros também não. Afinal, temos sido programados a nos importar com tudo que vem de fora em detrimento daquilo que temos dentro de nós.
Você acredita que o outro, seus dramas e necessidades, sempre são mais importantes que suas próprias necessidades. E nesse processo arrebenta com sua vida. Mas você insiste, porque segundo a “crença geral” isso que é ser bom, cristão, amigo, legal, humano, etc.
Mas e sua vida como fica nesse processo? Todo mundo vem falar de problemas pra você. Todo mundo quer sua atenção, quer seu apoio. Você pega os problemas dos outros pra você e inconscientemente os assume também.
Ae pega carga braba do astral, as coisas começam a andar pra trás e você acha que é “macumba” ou “mau olhado”. Francamente! Quem mandou você pegar as coisas do outro? Se ele não pode resolver aquilo que ele criou, não vai ser você que vai conseguir.
Você só criou mais problema. Desta vez pra você. Aí que eu pergunto, você existe pra você? É uma perguntinha básica, e lógico, a resposta vem no automático. Você diz: “claro que eu existo pra mim”. Mas curiosamente suas atitudes contradizem isso o tempo todo.
O mundo ao redor é mais importante que seu bem estar, que suas necessidades íntimas. Senão vejamos: quantas vezes você deixou de fazer algo porque seu orgulho ou vaidade impediu? Você sabe que orgulho e vaidade são posturas onde a opinião geral ou de alguém em especial é mais importante que a sua vontade.
Quando você faz algo por vaidade, é pra esfregar na cara dos outros. Quando faz algo motivado pelo orgulho, é pra evitar críticas e invasões.Viver dependendo dos outros é tão ruim quanto viver para os outros.
Se você vive nesse mundo e sua vida tá uma bagunça, tenha certeza, você está vivendo para os outros. As pessoas não impõe limites. Acham isso cristão, bonito. Mas na prática vivem emboladas, atrapalhadas . Ninguém sabe o que é de quem. Família é assim. É assim, porque o povo faz com que seja.
Todo mundo se metendo na vida do outro, dando palpite, se doendo pelo outro. É um rolo só. Você gasta mais tempo da sua vida resolvendo queixas dos outros que cuidando das suas coisas. Qualquer um passa a ter poder na sua vida. Nem precisa ser da família.
Por exemplo: Morre uma pessoa qualquer lá na cochinchina e você já “pega” a notícia que viu na tv e transforma aquilo em problema seu. E ainda comenta com os amigos: “você viu o que aconteceu com fulano(a)...que tragédia! Se fosse “eu” no lugar dele, eu faria...”
Pronto, já pegou o problema do outro pra você. E você nem conhece a criatura. Você tá viajando...acorda!!! A pessoa lá não é você. Você não viveu a vida dela pra julgar ou pior, sofrer no lugar dela ou dos “parentes” dela.
A ameba com “síndrome de Madre Teresa” fala: - “mas como eu não vou sofrer junto? É um ser humano que está sofrendo, blá, blá, blá...” Ae você pega energia ruim lá da “pontaquepartiu” pra você. Agora imagina só.
Se você faz isso com alguém que nem conhece ou viu mais gordo na sua vida, imagina o que você não faz com o povo que você conhece? Ae você acorda um bagaço, vive um dia de cão, tá sempre com mau humor. Tem até sintomas estranhos e não percebe que foi você que deixou essa coisa toda entrar.
Você captou, sintonizou a vida do outro. Entrou em sincronia com as “coisas ruins” dele, e a carga veio pra você. Lembre-se, quando você pega essa porcaria toda como sendo válida e importante pra você, a vida assume. A vida assumiu, "Vira LEI".
E virou lei, tudo quanto é porcaria astral invade sua vida. Afinal, você pegou as “dores do mundo” pra você. E se deixou invadir por todo mundo. Ae não adianta reclamar. Por isso “desistir dos outros pra existir pra sí”, é justamente dar um basta na invasão do alheio na sua vida.
Viva e deixe viver, ou sofra as consequências...
Renato Palhano