segunda-feira, 25 de março de 2013

Mudando conceito: ser espiritualista é ser você




Afinal o que é ser espiritualista?

Um dia alguém chega a você e diz "me tornei espiritualista...".






Seja lá por qual motivo: leu algum livro legal sobre o assunto, mudou de religião (embora espiritualidade não seja religião) na busca incessante de sí mesmo, teve um insight forte que mudou sua noção de vida e morte...tanto faz, no fundo pro povo "ser espiritualista" é como ser roqueiro, ser corintiano ou ser petista, uma bela marca que no fundo parece empurrar as pessoas a adotarem hábitos, discursos ou ideais que nem sempre tem haver com a natureza dela, são só maneirismos de um grupo ao qual você está fazendo parte.

Eu por exemplo sou de família espiritualista, mas até meus vinte e poucos, me distanciava disso, mesmo conhecendo os preceitos tanto do kardecismo quanto dos umbandistas, dois dos tipos mais comuns de espiritualismo religioso que conhecemos no Brasil. 

Desde então, embora me considere espiritualista, bato de frente com nove entre dez outros que também se consideram. Porquê? Porque não sigo regras.

Mas ae você pergunta, porque abrir esse post? Bem, não é pra dizer qual é o melhor tipo de espiritualismo ou pra definir o que é bom ou ruim pra você, mas justamente pra quebrar as regras.

TODAS ELAS.

Porque ser espiritualista não deveria ter uma cartilha, cheia de regrinhas criadas por sei-lá-quem, devia ser uma coisa de alma.

Alma lembra vontade, alegria ou prazer. Tudo o que é feito sem essas premissas, é um contrassenso que gera além de dor, muita confusão.

Então, porque será que as pessoas assumem comportamentos malucos quando "viram" espiritualistas?

De repente a pessoa tenta mudar sua natureza na marra pra parecer com o que não é. A pessoa adora churrasco e vira vegetariana; o(a) outro(a) não leva desaforo pra casa e vira bunda-mole; o outro adora um balacobaco e se castra pra virar santo - uma série de regras malucas, supostamente pegas de algum livro, dogma, ou, só por suposição de como "deveria ser" um "bom espiritualista", que não atendem a sua verdadeira natureza.

É aí que a pessoa trai a própria alma, e ao invés de se encontrar, joga a vida numa montanha-russa, onde tudo começa a dar errado e a ruir. Ae a responsabilidade é de quem? De Deus, dos Espíritos? Não, é Sua.

Ser espiritualista não significa arrancar o saco ou o útero fora e virar um robozinho sorridente que "perdoa a tudo e a todos". Não significa ser desleixado com a aparência e rasgar dinheiro. Não é virar santo(a).

Isso é sacanear-se!

Por isso tem tanto espiritualista na me.... A maioria entra numas de que numa vida espiritual não cabe ser materialista. Mas ae eu pergunto, você sabe o que é ser materialista? Porque até outro dia eu não sabia.

Imagina só o trampo que foi se enfiar de novo nessa matéria, num novo corpo, numa nova vida.

E ae você, só porque descobriu que existe o outro lado, passa a desvalorizar esse? Ou pior, passa a achar que isso aqui é alguma sacanagem divina, ou provação, e que no "fundo você é um espírito livre, preso a um cárcere de carne e osso". Que lindo! Mas quanta arrogância. Acorda!

Já parou pra pensar que você está exatamente no lugar certo pra viver aquilo que você tem pra viver?

Não estamos aqui pra sermos testados, pra sermos os lindos e perfeitos, num big-brother espiritual onde seus mentores ou guias espirituais, votarão pra te mandar pro paredão, só porque você quis transar com alguém compromissado ou roubou o cinzeiro do restaurante. Não é nada disso.

Você não é modelo pra nada, nem pra ninguém, queira você ou não, só dá pra ser apenas você, você não cabe num modelo espiritual mesmo que quisesse, pois pra se enfiar num modelo, você se deforma, e quando faz isso é como dizer as forças da vida que elas erraram com você.

Dá pra curtir essa bagaça, sem deixar de sermos autênticos, do nosso jeito.

Bom, é só uma ideia, pra mim tem funcionado bem...


 Renato Palhano