Em todas as coisas seja um mestre do que você faz e do que você diz e pensa. Seja livre.
Liberdade é o supremo objetivo da verdadeira religião, não Deus, não o paraíso, nem mesmo a verdade, mas a liberdade.
Isto tem de ser compreendido, porque esta é a mensagem essencial de Gautama, O Buda, para o mundo. A liberdade é o mais alto valor de acordo com ele, o summum bonum – não há nada mais alto que isso. Mas por liberdade ele não quer dizer “liberdade política”, “liberdade social”, “liberdade econômica”. Por “liberdade” ele quer dizer “a liberdade da consciência”.
Nossa consciência está em profunda servidão: nós estamos acorrentados. Dentro está a nossa prisão, não fora. As paredes da prisão não estão do lado de fora de nós: elas existem nos nossos instintos, existem nos nossos desejos, existem na nossa inconsciência.
Liberdade é o objetivo.
Consciência é o método para se alcançar o objetivo.
E quando você está realmente livre, você é um mestre, a escravidão desaparece. Comumente, nós parecemos livres, mas nós não somos livres. Pode parecer que somos os que escolhem, mas não somos os que escolhem. Estamos sendo puxados, empurrados por forças inconscientes.
Quando você cai de amor por uma mulher ou por um homem, você acha que você decidiu isso, que foi sua escolha? Você sabe perfeitamente bem que você não pode escolher o amor, não pode se obrigar a amar alguém. Você não é o mestre, você é apenas um escravo de uma força biológica.
Eis por que em todas as línguas a expressão é “cair de amor” – você cai no amor: você cai da sua liberdade, você cai do seu íntimo (selfhood). Se o amor fosse escolha sua, você se ergueria no amor, não cairia no amor. Então, o amor seria vindo da sua consciência, e ele teria uma qualidade totalmente diferente, uma beleza diferente, uma fragrância diferente.
O amor comum fede – fede de ciúme, raiva, ódio, possessividade. Ele não é amor absolutamente. A natureza está forçando-o na direção de algo que não é sua escolha: você é apenas uma vítima. Esta é nossa escravidão. Até no amor, somos escravos, o que dizer sobre outras coisas? O amor parece ser nossa maior experiência; mesmo essa consiste somente em escravidão, mesmo nessa, nós apenas sofremos.
As pessoas sofrem mais no amor do que em qualquer outra coisa. O maior sofrimento é que ele o ilude – ele cria a ilusão que você foi quem escolheu e, logo, logo, você fica sabendo que não foi você quem escolheu: a natureza pregou uma peça em você.
Forças inconscientes tomaram posse de você, você está possuído. Você está agindo não por sua conta: você é apenas um veículo. Essa é a primeira miséria que a pessoa começa sentido no amor, e uma miséria dispara toda uma cadeia de misérias.
Logo, logo, você ficará ciente de que você ficou dependente do outro, que sem o outro você não pode existir, que sem o outro você começa a perder todo o senso de significado, de significância. O outro se tornou sua vida, você está completamente dependente; daí os amantes brigarem continuamente, porque ninguém gosta de ser dependente, todos odeiam a dependência.
Ninguém gosta de ser possuído por outro alguém, porque ser possuído significa ser reduzido a uma coisa. Toda a humanidade sofre pela simples razão de que todo relacionamento continua reduzindo você, continua fazendo sua prisão cada vez menor e menor.
Buda diz: Esta vida não é verdadeira vida. Você está sendo vivido, você não está realmente vivendo. Você está sendo vivido pelas forças inconscientes. A menos que você se torne consciente, a menos que você tome posse de sua vida, a menos que você se torne independente dos seus instintos, você não será um mestre. E sem ser um mestre, não há bem-aventurança: a vida permanece um inferno.
OSHO. The Dhammapada – The Way of The Buddha,Vol. 10, # 9
Fonte: Osho Sukul