Amado Osho,
Somente agora eu descobri que a relação mestre-discípulo é na verdade um encontro de mão dupla, no qual o discípulo precisa responder abertamente ao mestre, para que o mestre possa fazer o seu trabalho.
Eu mesmo, ao contrário, tenho sempre observado passivamente, mantido uma distância e tirado minhas próprias conclusões. Por favor comente.
"O mestre nunca faz coisa alguma. E se você se mantiver separado, nada irá lhe acontecer.
A sua receptividade e abertura não são necessárias para o mestre fazer alguma coisa. A sua receptividade e abertura são necessárias para que a própria presença do mestre possa fazer com que alguma coisa aconteça em você. E essas são duas coisas diferentes.
Fazer alguma coisa é um esforço muito positivo, mas simplesmente permitir sua presença para que algo aconteça em você, é uma coisa totalmente diferente. Não há qualquer esforço positivo.
O esforço existe do lado do discípulo.
Assim, o que você descobriu, foi uma descoberta errada. Isto não é um encontro de mão dupla, isso não é uma estrada de mão dupla, nem uma rua de mão dupla. Você é quem decide estar aberto, pronto e disponível.
A presença do mestre está aí, assim como a luz: você abre os olhos e a luz está aí.
A luz não vai se dirigir aos seus olhos em particular. Você pode manter os seus olhos fechados e a luz não irá bater em sua pálpebra pedindo: 'Por favor, abra seus olhos'. Você pode manter seus olhos fechados; a luz é muito democrática, ela não irá interferir. Mas se você abrir os olhos, você verá a luz. Não apenas a luz, mas na luz você verá muitas outras coisas também: as flores, as pessoas e todo o mundo.
Ainda assim, você não poderá dizer que a luz fez alguma coisa para você. Alguma coisa ocorreu em você. Isso não ocorreria sem a luz, assim, certamente, a presença da luz é necessária, mas só a presença é necessária, não a ação.
A ação é necessária de sua parte, não apenas a sua presença, porque você pode estar presente aqui e fechado. E nada evolui a partir daí.
O discípulo tem que fazer tudo. E essa é a beleza de todo o fenômeno. Senão você se tornará um fantoche nas mãos do mestre. Aí ele irá fazer coisas que ele quiser fazer, aí ele fará de você o que ele quiser, o ideal, o modelo. Ele destruirá a sua individualidade e a sua liberdade. Nenhum mestre que mereça esse nome pode fazer isso.
O mestre pode dar todo o seu ser a você, pode disponibilizá-lo, mas somente como uma presença, não como uma ação.
O fazer é da parte do discípulo. Você precisa ser receptivo, você precisa ser silencioso, você precisa ser meditativo, você precisa confiar em tudo, porque é a sua vida e você tem que ser responsável por ela. Você não é uma pintura que o mestre pintor pode mudar do jeito que ele quiser. (...)
O mestre pode mudar você, mas essa mudança terá um preço alto. Ele pode fazer muitas coisas, mas você estará se tornando mais e mais um escravo. Você veio para ser liberado, e isso estará indo pelo caminho errado.
Nenhum mestre autêntico jamais fez coisa alguma. Ele se disponibilizou de muitas maneiras. Ele lhe ensinou como estar disponível, como estar aberto e receptivo. E agora, qualquer que seja o seu potencial, ele começará a crescer. Na felicidade que se derrama da presença do mestre, o seu potencial irá crescer, mas ele irá crescer de acordo com suas qualidades intrínsecas. Nada será imposto de fora.
Assim, por favor, tome nota: a sua observação não está certa. Isto não é um tráfego de mão dupla. Da parte do mestre não existe tráfego algum.
Você precisa fazer algo. Certamente o mestre está presente e disponível, seu amor está disponível. Em sua sombra, em sua amorosa radiação você começará a crescer. Mas ele não tocará em você. Ele deixará você ser aquilo que você pode ser. Qualquer que seja o seu destino, você não deverá ser levado para fora dele.
Ele é simplesmente uma ajuda silenciosa, sem tocar você, sem transformar você. Esse é o milagre do mestre.".
OSHO - Beyond Enlightenment. # 8