segunda-feira, 7 de abril de 2014

Conclua Cada Momento





Por que é preciso sonhar? Você queria matar uma pessoa, mas não matou, você a matará em seu sonho. Isso fará sua mente relaxar. De manhã você se sentirá renovado: você a matou.

Não estou dizendo que você foi lá e matou, porque assim não precisaria de sonho nenhum! Mas lembre-se disso: se quiser matar alguém, feche a porta do quarto, medite sobre isso e, conscientemente, mate essa pessoa.






Quando digo "mate-a", estou dizendo para matar um travesseiro; faça uma efígie e mate-a. Esse esforço consciente, essa meditação consciente, fará com que você descubra muito sobre si mesmo.

Lembre-se de uma coisa: faça com que todo instante seja completo. Viva cada momento como se  fosse o último. Só assim você o concluirá. Saiba que a morte pode chegar a qualquer instante. Este pode ser o último. Pense assim:"Se tenho de fazer alguma coisa, que seja aqui e agora,  completamente.".

Ouvi a história de um general grego. O rei, por algum motivo, ficou contra esse homem. Fizeram uma conspiração contra ele. Era exatamente o dia do seu aniversário e ele o celebrava com amigos. De repente, à tarde, o mensageiro do rei veio e disse ao general: "Sinto muito dizer que o rei decidiu que esta noite, às seis horas, você será enforcado. Portanto, esteja pronto às seis horas.

Os amigos estavam ali; a música tocava. Estavam todos bebendo, comendo, dançando. Era aniversário dele. Mas a mensagem do rei mudou toda a atmosfera do lugar. Todos ficaram tristes.

Mas o general disse:"Não fiquem tristes, pois esta será a última parte da minha vida. Portanto, vamos concluir a dança que dançávamos e o banquete que saboreávamos. Não tenho nenhuma chance agora, portanto, não terei como concluí-los no futuro. E não me deixem nessa atmosfera triste; do contrário, minha mente ansiará o tempo todo pela vida, e a música interrompida e a festa inacabada se tornarão um peso em minha mente.Por isso, vamos concluí-los. Não é hora de parar.

Para agradá-lo eles continuaram, mas foi difícil. Apenas ele dançou com mais entusiasmo; apenas ele mostrou mais alegria, mas todo o grupo simplesmente deixou de aproveitar a festa. A mulher dele soluçava e ele continuava a dançar, continuava a conversar com os amigos. E mostrou-se tão feliz que o mensageiro procurou o rei e disse: "O general é um homem como poucos. Ouviu a mensagem e não ficou triste. Recebeu-a de um jeito completamente diferente, absolutamente incompreensível. Ele está rindo e dançando, continua muito alegre, e diz que, como estes são seus últimos momentos e não há mais futuro para ele, não pode desperdiçá-los, tem de vivê-los.".

O rei foi pessoalmente ver o que estava acontecendo. Todo mundo estava triste, chorando. Só o general dançava, bebia e cantava. O rei lhe perguntou: O que está fazendo?

O general respondeu: "Esse sempre foi o princípio que norteou a minha vida: ter sempre a consciência de que a morte pode chegar a qualquer momento.  Por isso tenho feito o possível para aproveitar cada momento ao máximo. Mas evidentemente o senhor fez com que isso ficasse bem claro para mim hoje. Sou grato porque, até agora, eu só pensava que a morte poderia chegar a qualquer momento. Era só um pensamento. Em algum lugar, lá no fundo, havia o pensamento de que ela não chegaria tão já. O futuro me aguardava. Mas o senhor o tirou de mim. Esta noite será a última. A vida agora é muito curta, não posso adiá-la.".

O rei ficou tão feliz que se tornou um discípulo desse homem. E disse: "Ensine-me. Essa é a alquimia. É assim que a vida tem de ser; essa é a arte de viver. Não vou enforcar você, pois quero que seja meu professor. Ensine-me a viver no presente.".

Nós estamos sempre adiando. Esse adiamento vira um diálogo interior, um monólogo interior. Não adie mais. Viva aqui e agora. E quanto mais viver no presente, menos você precisará dessa "mentalização constante, desse pensamento constante. Menos precisará dele! Ele só existe por causa desse adiamento e nós continuamos adiando tudo.

Vivemos sempre no amanhã, que nunca chega e que não pode chegar; é impossível. É sempre o presente que chega, e continuamos sacrificando o hoje em favor do amanhã, que não está em lugar nenhum. Então a mente continua a pensar no passado, que você destruiu, que você sacrificou por algo que não chegou. E o presente continua sendo adiado em favor de mais amanhãs.

Isso que perdeu, você continua a achar que recuperará em algum lugar no futuro. Você não vai recuperá-lo! Essa tensão constante entre passado e futuro, esse perda constante do presente, é a agitação interior. A menos que ela cesse, você não vai conseguir ficar em silêncio. Então a primeira coisa é tentar ser total o tempo todo.

Segunda coisa: sua mente é tão barulhenta porque você continua pensando que os outros é que causam essa agitação interior, que você não é o responsável. Então você acha que num mundo melhor, com uma esposa melhor, um marido melhor, filhos melhores, uma casa melhor, num lugar melhor, tudo seria maravilhoso e você ficaria em silêncio. Você acha que não está em silêncio porque tudo à sua volta está errado, então como você poderia estar?

Se você pensa assim, se essa é a sua lógica, então esse mundo melhor nunca vai chegar. Em todo lugar o mundo será igual, em todo lugar os vizinhos serão iguais e, em todo lugar, as esposas serão iguais, os maridos serão iguais e os filhos serão iguais. Você pode criar a ilusão de que, em algum lugar, exista um céu, mas todo lugar será o inferno. Com esse tipo de mente, tudo será um inferno. Essa mente é um inferno.

Um dia, Mulla Nasruddin e sua mulher, chegaram em casa tarde da noite. A casa deles tinha sido  assaltada e, então, a mulher dele começou a gritar e a chorar. Ela disse para Mulla: "Você é o culpado! Por que não viu se a porta estava trancada antes de sairmos?". Mas, nessa altura, toda a vizinhança já viera ver o que acontecera. Foi um frenesí, a casa de Mulla tinha sido assaltada! Todo mundo só dizia a mesma coisa. Um vizinho comentou:"Eu estou sempre de sobreaviso. Por que vocês não foram mais cautelosos? São tão desatentos!". Outro homem disse: "Suas janelas estavam abertas. Por que não as fecharam antes de sair?". Um outro advertiu-os:"Parece que a fechadura de vocês estava com defeito. Por que não puseram outra?". E todo mundo apontava os erros de Mulla Nasruddin. Então ele disse: "Um minuto, por favor! Eu não sou o culpado!". E aí toda a vizinhança perguntou em coro: "Se você não é o culpado, então quem é?". Mulla respondeu: "O que dizer do ladrão?".

A mente continua a jogar a culpa nos outros. A esposa joga a culpa em  Mulla Nasruddin, toda a vizinhança joga a culpa em Mulla Nasruddin, e o pobre homem não pode jogá-la em mais ninguém, por isso ele diz: "O que dizer do ladrão?".

Nós continuamos a jogar a culpa nos outros, o que nos inspira o sentimento ilusório de que não estamos errados. É um outro qualquer que está errado - X - Y - Z. E essa é uma das atitudes básicas da mente. Sempre existe um culpado para tudo, e ficamos tranquilos quando conseguimos encontrar um bode expiatório; assim nossa consciência não fica pesada.

Para o buscador, a mente não serve para nada; ela é um obstáculo. Essa mente é um verdadeiro estorvo. É preciso perceber que, seja qual for a situação, se ela aconteceu a você, o único responsável é você mesmo e ninguém mais. Se você for o responsável, então será possível fazer alguma coisa a respeito. Se o responsável for outra pessoa, não será possível fazer nada.

Esse é o conflito básico entre a mente religiosa e a mente não religiosa. Essa última sempre acha que a responsabilidade é dos outros, basta mudar a sociedade, mudar as circunstâncias, mudar as condições econômicas, mudar a situação política, mudar qualquer coisa que seja, para que tudo fique bem. Mas já mudamos tudo tantas vezes e nada ficou bem. A mente religiosa diz que, seja qual for a situação, se pensa dessa forma, você viverá num inferno, sua vida será um tormento. Você nunca será capaz de ficar em silêncio.

Assuma toda a responsabilidade. Responsabilize-se para que você possa fazer alguma coisa para mudar a situação. Você só poderá fazer algo consigo mesmo, nunca poderá mudar ninguém neste mundo; você só pode mudar a si mesmo. Essa é a única revolução possível. Só é possível transformar a si mesmo. Mas só levamos isso em consideração quando sentimos que somos responsáveis.


OSHO, em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"

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