Você já parou para pensar qual é a origem da alegria? Em geral, dizemos: o que me dá alegria é...
No entanto, sentir alegria somente a partir de eventos externos é tão difícil como encontrar água e sombra no deserto.
A origem da alegria está dentro de nós: em nossa capacidade de abrir-se para senti-la. Podemos sentir a alegria espontânea que surge do bem-estar frente à vida. Quem já não se pegou com medo de sentir felicidade? Como se não a merecesse? Portanto, não basta sentir a alegria, precisamos também cultivar as condições para expandi-la.
Para expandir a alegria, precisamos educar a mente para romper o hábito de andar para o passado e correr para o futuro. Se nossa mente souber ficar no presente enquanto observa o passado e planeja o futuro, não irá se perder nem se cansar.
No início, precisamos aprender a nos alegrarmos com nossas próprias alegrias: parar de buscá-las em situações externas e reconhecê-las quando ocorrem interiormente. O importante é ter confiança no valor dessa experiência, que vale a pena ser cultivada.
Não é perda de tempo! A alegria surge quando não desistimos de nós mesmos.A alegria espontânea surge quando mostramos apreciação por nós mesmos e por aqueles que amamos. O apreço traz a sensação de proximidade e de conforto.
Tornamo-nos o que amamos, tornamo-nos o que olhamos: contemplar o Vivo é tornar-se vivo. Escreve Jean Yves Leloup em A Arte da Atenção (Ed. Versus).
Um dos maiores obstáculos para sentir a alegria espontânea é sentir rancor contra nós mesmos, por estarmos onde estamos e sermos quem somos. Por uma razão ou por outra, quase nunca estamos satisfeitos conosco mesmos.
A vida é um contínuo processo de transformação. São raros os momentos em que nos sentimos completos. Por isso, precisamos aprender a sentir alegria até diante da imperfeição. A alegria de viver com abertura surge da clareza de nossos propósitos.
Podemos reconhecer nossos desejos e necessidades como legítimos. Assim, quando fizermos nossas escolhas e assumirmos responsabilidade por elas, já não sentiremos mais necessidade de justificá-las. Isto é, não precisaremos mais nos defender das ideias alheias para nos afirmarmos.
O segredo está em nos mantermos ligados à nossa aspiração sem nos prendermos aos resultados imediatos, nem nos deixarmos levar pelas preocupações que não podemos resolver de imediato. E por fim, não desistir.
Às vezes desistimos no momento mais intenso porque pressentimos que a mudança real irá ocorrer. Então, caímos nas armadilhas do medo do desconhecido. Se isto lhe ocorrer, procure se refrear e recupere seu humor, dizendo para você mesmo: Ei, pare, você já conhece o caminho de voltar atrás! Desta vez, siga em frente!!!
Bel Cesar
Psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções, Mania de sofrer e recentemente O sutil desequilíbrio do estresse, todos pela editora Gaia.
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Email: belcesar@ajato.com.br
Fonte: Somos Todos Um