Uma das maiores limitações do velho paradigma era a noção de que a consciência não desempenhava nenhum papel na explicação do que está acontecendo no seu corpo.
A cura, no entanto, não pode ser compreendida a menos que as crenças da pessoa, suas expectativas, conceitos e autoimagem sejam também compreendidos. Embora a imagem do corpo como uma máquina sem mente continue a dominar as principais correntes da medicina ocidental, há provas inquestionáveis apontando no sentido contrário.
As estatísticas indicam que as taxas de mortalidade por câncer e enfermidades cardíacas são provavelmente mais altas entre pessoas com dificuldades psicológicas, e mais baixas entre pessoas que têm um forte sentido de objetivo e bem-estar.
Um dos estudos médicos mais publicados dos últimos anos foi realizado pelo psiquiatra de Stanford, David Spiegel, que se dispôs a provar que o estado mental dos pacientes não influenciava o fato de eles sobreviverem ou não ao câncer.
Ele achava, como muitos outros médicos, que atribuir importância às crenças e atitudes do paciente faria mais mal do que bem, porque a ideia de ter causado câncer em si próprio criaria sensações de culpa e autorrecriminação.
Spiegel reuniu 86 mulheres com câncer de mama em estágio avançado (a doença não reagia mais a tratamentos convencionais) e submeteu metade delas a sessões semanais de psicoterapia combinadas com lições de auto-hipnose.
Por qualquer medida isto representa uma intervenção mínima — o que poderia uma mulher fazer em uma hora de terapia por semana, tempo este que tem que compartilhar com diversos outros pacientes, para combater uma enfermidade que inevitavelmente é fatal nos estágios avançados?A resposta parece óbvia.
No entanto, após acompanhar os objetos de sua pesquisa por dez anos, Spiegel ficou surpreso ao descobrir que o grupo que recebia terapia apresentava um índice de sobrevivência em média duas vezes maior do que o grupo que não recebia.
A essa altura apenas três mulheres estavam vivas,todas pertencentes ao grupo da terapia. O estudo é surpreendente porque o pesquisador não esperava qualquer resultado desse tipo. Mas uma década de achados similares de outros pesquisadores veio reforçar a descoberta.
Um estudo meticuloso datado de 1987 feito em Yale, relatado por M.R. Jensen, traz à luz a descoberta de que o câncer de mama progredia mais rapidamente entre mulheres com personalidades reprimidas, desesperançadas e incapazes de exprimir raiva, medo e outras emoções negativas.
Descobertas similares foram divulgadas para artrite reumatóide, asma, enxaquecas e outros distúrbios. Dominados pelo velho paradigma, os médicos mostraram seupreconceito contra tais resultados. Como Larry Dossey observa em seu perspicaz trabalho intitulado Medicine and Meaning:"
A mensagem dominante, proclamada incessantemente nas páginas de editoriais das revistas médicas e nos púlpitos das escolas de medicina, é que "a biologia básica da doença" é esmagadoramente importante e que sentimentos, emoções e atitudes simplesmente servem como acompanhantes."
O que o novo paradigma nos ensina é que as emoções não são eventos fugidios isolados no espaço mental; elas são expressões da consciência, a matéria fundamental da vida. Em todas as tradições religiosas, o sopro de vida é o espírito.
Animar ou desanimar alguém é algo fundamental que o corpo tem que refletir.A consciência faz uma imensa diferença no processo de envelhecimento, pois embora todas as espécies superiores envelheçam, só os seres humanos são capazes de saber o que está lhes acontecendo, e traduzem o que sabem no próprio envelhecimento.
O desespero por envelhecer faz com que você envelheça mais depressa,enquanto que aceitar o envelhecimento graciosamente evita muitos sofrimentos, tanto físicos quanto mentais. A velha máxima que diz "Você é tão velho quanto pensa que é" tem implicações profundas.
O que é um pensamento? É um impulso de energia e informação, como tudo mais na Natureza. Os pacotes de informação e energia que rotulamos como árvores, estrelas, montanhas e oceanos poderiam ser chamados também de pensamentos da Natureza, mas sob um aspecto importante os nossos pensamentos são diferentes.
A Natureza fica, de certa forma, imobilizada com seus pensamentos uma vez que o seu padrão foi fixado;as estrelas e as árvores seguem um ciclo de crescimento que passa automaticamente pelos estágios do nascimento, desenvolvimento, decadência e dissolução.
Nós, contudo, não estamos presos dentro do nosso ciclo vital; tendo consciência do que se passa, participamos de cada reação que tem lugar dentro de nós. Os problemas surgem quando não assumimos a responsabilidade pelo que estamos fazendo.
De maneira análoga, porque nossa consciência transforma o campo quântico em realidade material comum, nós não somos capazes de conhecer a verdadeira textura da realidade quântica em si, seja através dos nossos cinco sentidos ou por pensar nela, pois um pensamento também transforma o campo — pega as infinitas possibilidades do vazio e modela um evento espaço-tempo específico.
O que você chama de seu corpo é também um evento espaço-tempo específico, e por experimentar sua materialidade, você perde o toque que converte o seu potencial abstrato em uma coisa sólida. A menos que você se torne consciente da consciência, não será capaz de surpreender-se no ato da transformação.
Deepak Chopra
Fonte: Extraído do Livro "Corpo sem Idade, Mente sem Fronteiras"