terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Mente e Corpo são Inseparáveis



A inteligência é muito mais flexível do que a máscara de matéria que a esconde. A inteligência pode se expressar como pensamentos ou como moléculas.




Uma emoção básica como o medo pode ser descrita como um sentimento abstrato ou como uma molécula tangível do hormônio chamado adrenalina.

Sem a sensação não há hormônio; sem o hormônio não há sensação. Do mesmo modo, não há dor sem os sinais nervosos que transmitem a dor; não há alívio da dor sem as endorfinas que se ajustam nos receptores da dor para bloquear esses sinais.

A revolução que chamamos de medicina da mente e do corpo,ou seja, psicossomática, baseia-se nesta descoberta muito simples: onde quer que vá o pensamento, irá um elemento químico.

Esta descoberta transformou-se numa ferramenta poderosa que nos permite compreender, por exemplo, por que viúvas recentes têm duas vezes mais chances de desenvolver câncer de mama e por que as pessoas que sofrem de depressão crônica têm quatro vezes mais probabilidades de adoecer.

Em ambos os casos, os estados mentais angustiados são convertidos em elementos bioquímicos que criam as doenças. A medicina está começando a se utilizar da ligação - mente e corpo para curar -e derrotar a dor é um bom exemplo.

Recebendo um placebo, ou seja, uma droga inócua, 30% dos pacientes experimentarão o mesmo alívio para a dor como se tivessem tomado um verdadeiro analgésico. Mas o efeito psicossomático é muito mais holístico.

O mesmo comprimido inócuo pode ser usado para eliminar a dor, para deter secreções gástricas em excesso em pacientes com úlceras, para diminuir a pressão arterial ou combater tumores.

(Todos os efeitos secundários da quimioterapia, inclusive perda de cabelo e náusea, podem ser induzidos ao se administrar aos pacientes uma pílula de açúcar e lhes assegurando que se trata de uma poderosa droga anti câncer, e há casos em que injeções de solução salina estéril chegaram a reduzir estágios bem avançados
de tumores malignos.)

Já que o mesmo comprimido inócuo pode levar a reações tão diferentes, devemos concluir que o corpo é capaz de produzir qualquer reação bioquímica,uma vez que tenha sido dada à mente a sugestão apropriada. O comprimido em si nada significa; o poder que ativa o placebo é tão somente o poder da sugestão.

Esta sugestão é então convertida na intenção do corpo de se curar. Assim sendo, por que não economizar o estágio gasto com a pílula de açúcar e ir diretamente à intenção? Se pudermos efetivamente acionar a intenção de não envelhecer, o corpo reagiria automaticamente. Dispomos de evidências extremamente estimulantes para comprovar que existe tal possibilidade.

Uma das mais temidas enfermidades da idade avançada é o mal de Parkinson, um distúrbio neurológico que produz movimentos musculares incontroláveis e uma drástica redução da velocidade dos movimentos corporais, como, por exemplo, o caminhar, que acaba por resultar num corpo tão rígido que o paciente não consegue se mover.

O mal de Parkinson deve-se a uma inexplicável carência de um elemento químico do cérebro chamado dopamina, mas há também um mal de Parkinson simulado quando as células do cérebro produtoras de dopamina foram destruídas quimicamente por certas drogas.

Imaginemos um paciente vitimado por este tipo de manifestação do mal de Parkinson em um estágio avançado da imobilização do movimento. Ao tentar caminhar, ele consegue apenas dar um ou dois passos antes de parar, duro como uma estátua.

No entanto, se você desenhar uma linha no chão e disser,"Passe por cima", a pessoa miraculosamente será capaz de caminhar por cima da linha.

A despeito do fato de a produção de dopamina ser completamente involuntária e de seus estoques estarem aparentemente exauridos (o que é demonstrado pelo fato de o cérebro não ser capaz de sinalizar para os músculos das pernas o comando para que dêem outro passo), simplesmente por ter havido uma intenção de andar, o cérebro é despertado.

A pessoa pode ficar imóvel de novo após alguns segundos, mas se você desenhar uma outra linha e novamente pedir que a ultrapasse, o seu cérebro reagirá. Por extensão, a enfermidade e a inatividade exibidas por muitos velhos, muitas vezes não passam de letargia.

Ao renovar sua intenção de viver vidas ativas, com objetivos a serem alcançados, muitas pessoas idosas podem melhorar drasticamente sua capacidade motora, agilidade e reações mentais. A intenção é parceira ativa da atenção; é o modo através do qual convertemos processos automáticos em conscientes.

Usando exercícios psicossomáticos simples, praticamente qualquer paciente pode aprender em poucas sessões a converter um coração disparado, um chiado de asma ou uma terrível ansiedade em uma reação mais normal. O que parece descontrolado pode ser trazido de volta ao controle da pessoa com a técnica apropriada.

São enormes as implicações disto no processo de envelhecimento. Inserindo uma intenção nos seus processos mentais, como, por exemplo,"Quero melhorar em energia e vigor a cada dia'', você pode começar a exercer controle sobre os centros cerebrais que determinam quanta energia será expressa nas suas atividades.

O declínio do vigor na idade avançada é, em grande parte, o resultado da expectativa que a pessoa tem desse declínio; inadvertidamente ela implantou em si uma intenção de derrota na forma de uma forte crença, e a ligação mente-corpo automaticamente realiza essa intenção.

Nossas intenções passadas criam uma programação obsoleta que parece ter controle sobre nós. Na verdade, o poder da intenção pode ser despertado a qualquer momento. Muito antes de envelhecer,você pode prevenir tais perdas programando conscientemente a sua mente para permanecer jovem, usando o poder de sua "intenção".

Deepak Chopra



Fonte: Extraído do Livro "Corpo sem Idade, Mente sem Fronteiras"