sexta-feira, 13 de abril de 2012

Abraçando Nossa Sombra Iluminada



A sombra não tem apenas as nossas características sombrias, ou aquelas que a sociedade considera más. Ela também inclui todas as qualidades positivas que escondemos. Essas qualidades positivas são frequentemente citadas como "sombra ilu­minada".

Não sepultamos apenas nossas obscuridades, mas também os traços positivos — aspectos poderosos, amorosos e deliciosos. A notícia fantástica e interessante é que sepultamos tanto de nossa luz quanto de nossa escuridão.




Podemos ter en­terrado a genialidade, a competência, o humor, o sucesso ou a coragem. Talvez tenhamos escondido autoconfiança, carisma ou força. Talvez a expressão pessoal, a singularidade ou a alegria tenham sido enterradas depois de ouvirmos: "Não se gabe, ou as pessoas não vão gostar de você", ou: "É solitário lá no alto".

Encontramos nossa sombra iluminada da mesma forma que descobrimos a sombra obscura. Olhamos em volta, para os lugares onde estamos projetando nossa luz em outras pes­soas. Se vemos alguém que queremos imitar, é porque estamos vendo qualidades que existem em nós. Se estamos encantados por outra pessoa, é porque o aspecto que amamos nela existe dentro de nós.

Não há nenhuma qualidade em outra pessoa, e à qual reagimos, que nos falte. Ela pode estar escondida por trás de algum mau comportamento, ou alguma antiga crença obscura que diga que somos exatamente o oposto daquilo que vemos na outra pessoa. Mas juro que, se estiver atraído por uma qualidade em alguém, independentemente de sua grandiosidade, ela também existe em você.

Mais de vinte anos atrás, enquanto eu continuava a evoluir em meu processo de recuperação da dependência das drogas, minha vida no sul da Flórida, onde tinha uma butique, parecia vazia e insignificante. Estava sempre sentindo o impulso de fazer algo mais profundo e significativo. Então, decidi voltar à escola e estudar psicologia, pensando em me tornar terapeuta.

Havia me mudado para San Francisco e estava mergulhada em estudos sobre a consciência e encantada pelo trabalho com a sombra. Uma noite, minha irmã ligou para me dizer que Marianne Williamson daria uma palestra no Palace of Fine Arts. Ela conseguiu um ingresso para o evento esgotado e, sentada na plateia, fiquei estarrecida.

Observava Marianne ousadamente chamando as pessoas para uma visão superior de si mesmas e do mundo. Eu a ouvi implorar, sem a menor ver­gonha, para que saíssemos da pequenez de nossa vida egocên­trica e ingressássemos na magnitude de se doar como parte de uma missão divina. Embora ouvisse atentamente às palavras que ela dizia, fui mais arrebatada por sua presença. Saí de lá completamente apaixonada por Marianne Williamson.

Voltei ao meu apartamento na intenção de descobrir as minhas partes que eu claramente via nela. Adorei sua coragem de falar a verdade, mesmo que significasse chocar as pessoas, de modo a despertá-las. Também admirei o modo como ela foi capaz de objetivamente articular uma mensagem difícil, falando com tanta eloquência que suas palavras penetravam a mente e o coração das pessoas.

Fiquei encantada com a pro­fundidade da preocupação que ela parecia sentir pela huma­nidade e o sentido que dedicava a algo maior que sua vida individual. Também invejei sua beleza, o estilo e a disposição em ter uma aparência sexy, e não o estereótipo desgrenhado da maioria das professoras espirituais. Ela entrou deslumbrante e sofisticada no palco; no entanto, sua plenitude transpareceu, sobressalente e clara.

Como uma estudante dedicada de projeção, olhei além do comportamento e tentei descobrir as características ocultas que davam origem àquele comportamento. Perguntei a mim mesma: "Que tipo de pessoa é capaz de ser ela mesma no palco?" Obviamente, uma pessoa autêntica. "Que tipo de pessoa se preocuparia tão profundamente com o restante do mun­do?" Uma pessoa abnegada. "Qual é a qualidade que permite que Marianne diga a verdade, mesmo que seja chocante ou assustadora?" Ouvi claramente: uma pessoa ousada.

Olhei minha lista de qualidades, que dizia: ousada, autên­tica e abnegada. Não reconhecia nenhuma dessas qualidades em mim. Aqueles que me conhecem agora podem achar difícil acreditar nisso, mas, naquela época, não era alguém que conta­va as coisas assim. Temendo perder a aprovação daqueles que amava, ciscava ao redor dos assuntos e me faltava autoconfian­ça para ficar diante de uma sala, sem tremer.

Estava mais preo­cupada com minha boa aparência do que em dizer algo que pudesse modificar a vida das pessoas. Estava mais preocupada em falar de modo agradável do que em ser direta, autêntica. No entanto, eu sabia que, se via aquelas forças em Marianne, o potencial para tê-las tinha de existir dentro de mim.

Comecei a praticar mais a autenticidade com as pessoas e me desafiei a falar quando queria ficar em silêncio. Para desenvolver a minha parte visionária, começava o dia com uma pre­ce pelo mundo e, em seguida, fazia uma prece diária por mim. Para ser mais abnegada, focava no que eu podia dar, em vez de naquilo que podia obter. A magnificência de Marianne refletia em mim e em meu potencial oculto.

Ao ver sua luz, literalmen­te vislumbrei quem eu poderia ser no mundo e tive coragem e tenacidade para reconhecer que as forças que atribuía a ela também eram minhas. Isso não quer dizer que elas também não existam nela; é evidente que existem. Ousadia, autenticidade e abnegação são qualidades universais; cada um de nós tem o di­reito de expressá-las de modo único.

Antes que eu rompesse o transe de minha projeção de luz em Marianne, quis que meu primeiro livro fosse tão lindo e poético quanto o livro inovador A Return to Love. Porém, conforme me rendi à revelação ímpar dessas qualidades dentro de mim, percebi que estava sendo guiada a um caminho diferente. Minha missão era ser a Campeã da Escuridão, em vez de ser a Primeira-Dama da Luz. Esse era o plano divino para minha vida, e eu nunca o teria vislumbrado se não tivesse abraçado todas as minhas projeções.

Pegar de volta a luz daqueles em quem a projetamos abre a porta para um futuro inimaginável. Nunca sonhei que um dia escreveria um livro com Marianne Williamson, que nos tornaríamos amigas ou que apoiaríamos uma à outra na realização de uma missão coletiva. Isso é possível quando assumi­mos a responsabilidade pela luz que vemos e admiramos nos outros. Em vez de ficar em transe, assumimos essa nossa parte que anseia vir à tona e fazemos o trabalho dentro de nós.

Qualquer coisa que o inspire é um aspecto seu. Qualquer desejo do coração existe para apoiá-lo na descoberta e manifes­tá-la. Se você tem uma inspiração de ser algo, é porque tem o potencial para manifestar a qualidade que está vendo e o com­portamento que essa qualidade fará aflorar. Não será exata­mente da maneira como os outros expressam a qualidade, mas do seu jeito.

Em meus workshops, sempre escolho uma celebridade diferente e peço ao público que compartilhe comigo aquilo de que mais gostem na pessoa. Recentemente, escolhi Bono, e, é claro, ouvi ao menos vinte qualidades diferentes que as pessoas adoram nele. Uma pessoa adorava seu talento; outra admira­va sua criatividade, seu carisma.

Algumas se encantavam com seu modo de ver o mundo, enquanto outras eram inspiradas por sua liderança, abnegação e generosidade. Cada uma delas gritava a qualidade que atribuía a ele, como se todos não pu­dessem evitar ver e, é claro, concordar. Mas esse é raramente o caso, pois cada pessoa o via através de uma lente do self rejei­tado, que queria se manifestar e ser abraçado.

Todos tiveram percepções diferentes, uma vez que todos tinham projetado uma parte diferente de sua luz na tela do homem chamado Bono.Neste exemplo, Bono serve como um grande espelho para todos os que o seguem em direção ao descobrimento dos aspectos ocultos em si mesmos. Ele dá às pessoas a oportunidade de pega­rem de volta a própria luz e encontrarem o modo de expressar as qualidades que veem nele.

Todas as celebridades têm o poder e a responsabilidade de não reclamar das projeções das pessoas. Na verdade, quando o fazem, frequentemente se veem presas ao self ilusório, que promete fazer com que as próprias sombras se expressem. Em vez disso, a função delas seria refletir as projeções de volta àqueles que estão transferindo a luz para elas.

Lembre-se: nossa sombra está quase sempre tão bem escondida de nós que é quase impossível encontrá-la. Se não fosse pelo fenômeno da projeção, talvez ficasse escondida pela vida inteira. Alguns de nós sepultamos nossos traços sombrios aos três ou quatro anos de idade. Quando projetamos em outra pessoa, temos a oportunidade de enfim encontrar esses tesou­ros escondidos e ocultos.

Debbie Ford



Fonte: Extraído do Livro "O Efeito Sombra"

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