Este livro nada mais é que a expressão dos meus pensamentos, que chegam até a mente do leitor através de seus sentidos. Olhe em volta e verá os pensamentos se manifestando em todos os lugares.
A cadeira em que está sentado se originou de um pensamento, assim como a casa ou o apartamento em que mora, a cama em que dorme, as roupas que usa, o alimento que come, o trabalho que faz. Não há como contestar este fato óbvio: tudo o que o ser humano fabrica — estradas, carros, jatos, espaçonaves, computadores, romances góticos, doces — são pensamentos manifestos.
Alguns deles são seus, mas a maioria vem de pessoas que você nem conhece.
Mas todos surgem naturalmente da mente humana, que, portanto, é o reservatório da inteligência criativa. Quando os pensamentos férteis são bem organizados, transformam-se com facilidade em ação, e dessa ação resultam manifestações externas como livros, objetos e corpos saudáveis.
O caminho que liga a consciência à criação permeia todas as nossas experiências; apenas não prestamos atenção nele. Se o fizéssemos, uma nova vida viria à luz. Por exemplo, vamos supor que eu sou um artista. Os impulsos de inteligência que nascem em minha consciência — minha mente —, quando bem organizados, conduzem à ação. Junto tela, tintas, pincéis e começo a misturá-los de forma organizada.
O resultado será algo novo criado por meus pensamentos, um quadro. Para que a pintura se materialize há algumas premissas indispensáveis: (a) a consciência, ou mente, da qual nascem (b) meus pensamentos, ou impulsos de inteligência criativa; eles surgem (c) de forma organizada e (d) levam à ação, que culmina em (e) meu quadro — uma pintura relativamente satisfatória do Taj Mahal sob o luar.
A capacidade de organizar pensamentos é tão inata quanto os próprios pensamentos, ou o fato de eles serem inteligentes. Toda atividade que não é casual — e nenhum ato criativo é casual — traz embutido o poder de organização. Assim, quando o arquiteto faz a planta de uma casa, cada linha traz em si a capacidade de se manifestar como parte da estrutura física completa.
As idéias literalmente possuem a faculdade de se transformar em objetos. Tendemos a ignorar esse poder pelo fato de ele estar muito entranhado em nossa inteligência. Quando a mente quer que a mão se feche, a resposta é automática, mas é preciso um curso inteiro de fisiologia para explicar que esse movimento é comandado pelo cérebro através de neurotransmissores, hormônios, descargas elétricas, enzimas e músculos — para não citar a inteligência que mantém a vida e o corpo como um todo.
Na verdade, podemos definir “mente” como a estrutura que processa o poder de organização. E as coisas que não foram criadas pelo homem, os objetos da natureza? Eles se inserem em duas categorias: animados e inanimados. Isso não significa que todas as culturas vejam as plantas e os animais como seres animados, e o fogo, a terra e o vento como inanimados.
A ciência já admite que todos os níveis de seres vivos possuem inteligência. O poder organizador vai do cérebro até o núcleo das células. No momento de nossa concepção, o óvulo fertilizado nada mais é que um conjunto de instruções organizadas codificado numa molécula de DNA. Essas instruções criam um ser humano.
Quando dão origem a um Albert Einstein, a capacidade de mudar o mundo pelo pensamento dá um grande passo. Os elementos bioquímicos de uma única célula se transformam na mente super-criativa de Einstein. O poder de organização da vida, ou o conhecimento, é infinito. Analisemos os seres inanimados da natureza. Pegue uma pedra e fracione-a — esmigalhe, esfarele, separe os elementos químicos básicos, os átomos e seus constituintes fundamentais.
O que vemos? Organização. Vemos prótons, elétrons e outras partículas dispostas de forma organizada. E essa organização é automática e inteligente. Todos os seres inanimados da natureza possuem um conhecimento próprio. A questão é: tudo o que apreendemos do universo através dos sentidos — ou seja, as coisas feitas pelo homem e as naturais, animadas ou inanimadas — é expressão do poder organizador, ou conhecimento.
Já discutimos como esse conceito se aplica a nossa mente. A consciência — cada impulso da mente humana — contém o conhecimento. Na verdade, esse conceito pode ser estendido a todo o universo. O próprio Einstein observou que a ciência começa “na convicção profunda da racionalidade do universo”. Ele disse que se sentia “espantado com a harmonia das leis naturais”, e acreditava que essa harmonia apontava para uma inteligência superior.
Um dos conceitos mais famosos dos Vedas é o de que “Eu sou Isso, tu és Isso, tudo é Isso, e Isso simplesmente é”. Não se trata de uma charada mística, pois “Isso” é a “inteligência”. Tudo no universo, então, emerge da consciência como conhecimento. Isso significa que a única coisa tangível e real do universo é o conhecimento.
Esse conhecimento (o poder organizador) situa-se na consciência, e o mundo material não é real. A realidade própria das coisas materiais é inegável — as estrelas, as rochas, os cogumelos e os cangurus estão aí —, mas, na origem, elas são a manifestação de uma realidade fundamental, o conhecimento.
Napoleon Hill, que criou uma teoria para se obter sucesso na vida baseada nesse
conceito, afirma:“Não olhamos para o visível, e sim para o invisível, pois o visível é transitório e o invisível, eterno”. Vamos analisar essa afirmação na prática. Primeiro, temos uma consciência na qual residem todos os impulsos de inteligência criativa, que são expressos na forma de pensamentos.
Quando esse processo se dá de forma organizada — ou seja, pelo poder organizador, ou conhecimento —, eles levam à ação, que resulta em criação material. E o processo que ocorre dentro de nós acontece em todo o universo. Nossos impulsos são iguais a todos os outros impulsos de inteligência. Nós os chamamos de pensamentos porque é assim que os entendemos.
O pássaro que sobrevoa o Atlântico também tem um impulso de inteligência a guiá-lo, que o faz migrar (e, antes disso, estocar alimento, escolher a estação certa etc.). O impulso do pássaro é um tipo de pensamento, e só não o consideramos assim porque estamos acostumados à ideia de que os pensamentos são um atributo humano.
Mas também poderíamos dizer que são pensamentos que levam as abelhas a recolher o pólen e transformá-lo em mel. Toda a natureza, portanto, é um universo pleno de todos os tipos de impulsos, ou pensamentos, que se expressam na infinitude da criação. O mesmo acontece com nosso corpo. A mesma inteligência infinita opera nele.
Só que estamos acostumados a pensar que a inteligência só existe no cérebro; ou seja, para nós, inteligência é igual a capacidade intelectual. No entanto, com essa nova percepção, descobrimos que a inteligência permeia todas as células do organismo. A complexa máquina formada por coração, rins, sistema endócrino e imunológico é uma manifestação do poder organizador.
Chegamos à conclusão inevitável de que a mente, consciência ou inteligência, é intrínseca a todo o universo. Nossa própria mente é expressão dessa inteligência; dela a consciência humana extrai uma infinidade de oportunidades.
Capítulo anterior: (A Felicidade e a Química Cerebral da Saúde).
Deepak Chopra
Fonte: Trecho do Livro "Conexão Saúde"