O fundador da religião jainista, Mahavira (cerca de 599 a.C. – 527 a.C.), recebeu o nome de Vardhamana ao nascer, na cidade de Kundagrama, próximo de onde atualmente fica Patna, na Índia. Era o segundo filho de um rico nobre hindu e foi criado em condições privilegiadas. Vardhamana entrou para a vida monástica quando jovem. Também se casou e teve uma filha.
Depois da morte do pai, quando tinha cerca de 30 anos, Vardhamana renunciou a seu estilo de vida. Arrancou o cabelo e deixou a casa da família, determinado a encontrar uma verdade que fosse mais transcendente do que as virtudes familiares sob as quais tinha sido criado.
No início, Vardhamana usava apenas uma simples peça de roupa. Depois de vagar por 13 meses, abandonou até essa vestimenta e declarou que, daquele momento em diante, passaria a viajar ”vestido com o céu”, ou seja, despido. Vardhamana também permitia que diversos tipos de insetos infestassem seu corpo, porque acreditava no princípio de não causar mal a nenhuma outra criatura viva.
Com cerca de 42 anos de idade, Vardhamana experimentou o estado de Kaivalya, ou ”solidão absoluta”. Acreditando que havia atingido o ápice do que seria possível alcançar através da meditação e esforço solitário, começou a pregar.
Aproximadamente na mesma época, passou a ser conhecido como Mahavira, que significa ”conquistador” (das aflições da existência terrena). Seus seguidores formaram um grupo e chamaram sua religião de jainismo (”Religião dos Conquistadores”).
Mahavira aceitou muito das crenças religiosas que já existiam na Índia, incluindo as noções de carma e reencarnação. No entanto, foi ainda mais longe: ensinou que as impurezas cármicas grudavam na alma da mesma forma que as cracas grudavam na madeira. Declarou que todas as coisas – pedras, árvores, plantas e insetos – tinham almas e que era imperativo não fazer mal a elas.
Finalmente, ensinou que a alma original do homem havia sido pura e cristalina, mas que as ações violentas e desconsideradas de muitas vidas a tinham manchado. Nenhum mestre espiritual havia definido o carma tão graficamente até então.
A consagração de Mahavira: miniatura do manuscrito de Jaina, o Kalpasutra. Museu Britânico, Londres.
A resposta, dizia Mahavira, era purificar a alma nesta vida e, assim, conseguir abandonar o enfadonho ciclo de nascimento, vida, morte e renascimento. Ele pregava autoconfiança e insistia na superação dos quatro pecados mortais: ira, orgulho, ganância e ilusão. Isso se conseguia com a prática do pacifismo, do nudismo e do vegetarianismo.
A maior realização a que um ser humano poderia aspirar era o suicídio através do jejum voluntário. Esse princípio originou-se, provavelmente, da crença de Mahavira segundo a qual comer causava morte e dor a outras formas de vida. Ele seguiu seu próprio ensinamento – jejuou até morrer, aos 72 anos. Hoje em dia, milhões de pessoas seguem a religião jainista na Índia.
Fonte: A História