O sentimento de culpa gera uma série de consequências negativas em diferentes áreas da nossa vida, e que muitas vezes, nem imaginamos. É um poderoso gerador de autossabotagem. Vamos detalhar como isso funciona.
Imagine o seguinte. Uma mãe tenta abortar um filho e não consegue. A criança nasce e essa mãe se arrepende e se sente culpada pela tentativa de aborto. Se essa culpa não for curada, a mãe, de forma inconsciente, tentará compensar o que fez.
A compensação poderá ocorrer de várias formas e nenhuma delas será saudável. Uma forma de compensar seria, por exemplo, tentar satisfazer todos os desejos daquela criança. Ao ver a criança frustrada, um gatilho emocional é acionado dentro mãe e a culpa guardada vem a tona, e, para sentir alívio dessa emoção, ela tentará satisfazer o que a criança deseja. Assim a criança se acalma, e ela também se sente temporariamente aliviada.
A mãe muitas vezes não perceberá que está sendo levada a agir dessa forma para compensar uma culpa guardada, pois esse mecanismo acontece normalmente de forma sutil. Acaba não conseguindo dar limites pra esse filho, gerando problemas de relacionamento e consequências emocionais para ambos. A criança percebe que consegue o que quer quando se sente frustrada, e cria-se um jogo de manipulação onde o filho está no controle da situação.
Imagine ainda que depois nasce um outro filho bem planejado, e portanto, esta mãe não guarda nenhum sentimento de culpa. A criação dos dois certamente será diferente. Talvez ela defenda e faça sempre mais por aquele primeiro filho pelo qual ela se sinta culpada, sendo até injusta com o segundo filho, o que vai acabar gerando insegurança e problemas de autoestima para esta última criança.
A culpa, teoricamente, serviria para que não cometêssemos o mesmo erro outra vez. No caso do exemplo dado, essa mãe não pensaria em abortar por já ter sofrido com o peso do arrependimento de uma experiência passada. Seria então um mecanismo para que nos tornássemos um ser humano melhor, que erra menos. Entretanto, conforme explicado anteriormente, a culpa guardada deu origem a vários outros erros que provocaram diversos problemas emocionais.
Seria possível liberar a culpa totalmente e ainda assim levar o aprendizado da experiência? Certamente que sim. Vamos falar sobre isso mais adiante.
Em outro artigo, escrevi sobre o caso de uma cliente (já adulta e com mais de 40 anos) que, quando criança, com mais ou menos 4 anos, se sentiu responsável pela morte do irmãozinho. Vou contar de forma resumida como isso ocorreu. O bebê já nasceu com problemas de saúde. Ela abriu a porta do quarto para ver o irmãozinho e sua mãe falou de longe para não abrir a porta do quarto, pois estava frio e o bebê não podia tomar vento. Dias depois, o recém nascido veio a falecer, e ela achou que isso aconteceu por sua culpa, por ter aberto a porta do quarto. Como resultado da culpa, passou a vida tentando compensar o que achava que havia feito, e assumiu o lugar do irmãozinho. Tornou-se a companheira numero um do pai (pois imaginava que o irmão que era menino seria esse companheiro), brincava como um menino e deixou de ser quem ela realmente era.
A culpa gera também autopunição. Surgem desejos inconscientes de nos causar sofrimento e podemos sabotar nossa vida de várias formas. É comum surgir sentimentos de não merecimento que podem se manifestar em diversas áreas: dinheiro, relacionamentos, e até saúde física.
Os pensamentos inconscientes que nos levam a gerar os mecanismos de auto punição são: "Se eu cometi um erro, devo pagar por isso. Como posso sair impune? Não seria justo. Tenho que pagar por isso de alguma forma". Assim, somos levados por essa força inconsciente a perder oportunidades e a entrar ou criar situações de sofrimento para nossas vidas.
Carregar o próprio peso da culpa já faz parte do processo de auto punição. É como se disséssemos para nós mesmos:"Se cometi um erro, não posso ficar em paz. Não seria justo errar e continuar por aí me sentindo feliz. Mereço sofrer de alguma forma. Devo carregar essa culpa e arrependimento pelo resto da vida". Estes pensamentos inconscientes nos levam a guardar culpa, protegê-la e não querer que ela seja dissolvida. Algumas pessoas podem definhar e adoecer como forma de auto punição.
Em outro artigo, falei também sobre uma leitora, que, ao ler um texto que escrevi, descobriu a razão pela qual não conseguia crescer profissionalmente como advogada. Ela já tinha mais de 50 anos e guardava a culpa de ter feito um aborto com vinte e poucos anos. O pensamento que ela percebeu surgir foi algo do tipo: "Como posso trabalhar com a lei se eu sou uma criminosa?". A partir daí, ela certamente criou vários processos de autossabotagem, de forma inconsciente, para não crescer profissional e financeiramente.
O mais interessante, é que, em boa parte dos casos, não percebemos o quanto sabotamos a nossa vida, e muito menos que isso pode estar sendo causado por algum sentimento de culpa guardado. As coisas que vão acontecendo e as situações de sofrimento nos parecem mais obra do acaso.
Enquanto houver culpa, haverá processos inconscientes de auto punição e autossabotagem. A única maneira de se livrar disso, é através da cura completa da culpa. Com a EFT podemos dissolver cem por cento esse sentimento. O que surge é uma sensação de leveza, de auto perdão. Levamos apenas o aprendizado da situação, livres de qualquer carga emocional.
Vou sugerir uma rodada de EFT para esse tema. Se você tem alguma situação onde guarda sentimento de culpa, remorso ou arrependimento, deverá pensar na sua situação específica enquanto faz a seguinte rodada de EFT (obs: trazer a tona a sua situação específica é o que fará com que você tenha bons resultados).
Primeiro, pense na sua situação, e observe a intensidade da culpa; a sensação física que ela traz no corpo, e as imagens mentais que a situação traz. Depois, é só praticar a rodada seguinte:
Ponto do Karatê: Mesmo que eu sinta essa culpa, eu me aceito profunda e completamente. Mesmo que eu tenha cometido esse erro, eu me aceito profunda e completamente. Mesmo que eu tenha um desejo inconsciente de me punir pelo que fiz, eu me aceito profunda e completamente.
Topo da cabeça: Me sinto culpado
Início da sobrancelha: me arrependo do que fiz
Lateral do olho: se eu pudesse voltaria no tempo e faria diferente
Embaixo do olho: mas isso não é possível
Embaixo do nariz: em parte sinto que mereço sofrer
Embaixo do lábio inferior: para pagar pelo que fiz
Osso da clavícula: Não seria justo me perdoar e ficar em paz
Embaixo da axila: preciso do sofrimento para aprender
TC: Eu causei sofrimento para outras pessoas
IS: Eu causei sofrimento para mim mesmo
LO: E venho me punindo por isso
EO: Eu me sinto culpado
EN: Não me permito liberar a culpa
EL: Se eu pudesse voltar no tempo...
OC: Me arrependo do que fiz
EA: Sinto que não mereço ficar em paz
Ao terminar a rodada, volte a pensar na sua situação inicial novamente, e observe a intensidade da culpa; a sensação física que ela traz no corpo, e as imagens mentais que a situação traz. Observe se mudou alguma coisa.
Repita a rodada quantas vezes forem necessárias, até que toda a culpa seja cem por cento liberada; até que não haja mais nenhuma sensação desagradável no corpo, e que surja uma sensação de leveza, auto perdão, compreensão de si mesmo... Mude as palavras a cada rodada se desejar; encaixe exatamente como o que você sente. Assim terá melhores resultados!
André Lima
EFT Practitioner, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki e Engenheiro.
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Fonte: EFT - Liberdade Emocional