Recebi um email com um questionamento muito interessante:
"Li seu artigo A desconfortável zona de conforto. Você fala sobre a importância de sairmos da nossa zona de conforto, que muitas vezes é desconfortável, e irmos em busca de algo que nos realize, que seja mais confortável, afinal. Daí você fala de alguns motivos que levam as pessoas a não saírem dessa zona de desconfortável conforto, como insegurança, ansiedade, medo, identificação com o sofrimento presente etc..
Mas minha inércia não tem raízes em nenhum desses motivos. Ela é um pouco mais simples, talvez: eu sofro nesta atuação situação; sim, eu gostaria de ter uma vida melhor e menos sofrida. Mas será possível uma vida sem sofrimentos?
Mesmo que eu saia da minha zona de conforto e realize meu sonho de vida, eu não terei sofrimentos? De que adianta eu sofrer para sair dessa situação se a nova situação não irá me livrar do desconforto e do sofrimento? Isso não é um tanto infantil? Isso não seria negar a realidade da vida? Nós não deveríamos, antes, aceitar que a vida é assim mesmo, cheia de sofrimentos, e aprendermos a lidar com eles?"
Essa foi minha resposta inicial:
"Vamos esclarecer o que é "aceitar a vida e aprender a lidar com o sofrimento". O sofrimento é sempre algo interno. Parece que tem a ver com a situação que estamos vivendo, mas não tem. Em qualquer situação que estivermos, por mais maravilhosa que seja, poderá haver sofrimento, pois depende de como lidamos com a realidade.
É possível transcender interiormente e viver uma vida sem sofrimento interno, independente de como esteja nossa situação externa atual de vida. Essa é a nossa busca mais íntima, na verdade. Se você aceitar plenamente o sofrimento, você não apenas aprenderá a lidar com ele, você não sofrerá mais. É a extinção do sofrimento. Se ainda sofre, em qualquer nível que seja, é porquê ainda não houve uma completa aceitação.
Aceitação significa não haver briga interior com a realidade, e isso nada tem a ver com passividade como muitos podem pensar. Nesse estado, a vida fica muito mais simples, e nada mais é visto como problema, e sim, somente como situações. Algumas situações requerem ação, e outras não. Simples assim.
Nesse estado de total aceitação, não precisamos atingir nada para nos completar, pois já nos sentimos completos. E justamente, por não precisarmos mais de nada, não temos mais medo e acabamos por atingir coisas muito mais amplas. E porque iremos conquistar mais coisas, se não precisamos mais de nada? Pelo simples desejo de expandir que existe no universo.
O universo adora expandir e criar coisa novas. Basta observar a natureza. Somos filhos desse universo e também gostamos de criar e expandir. Neste estado de total aceitação, a expansão não é mais baseada na fuga da dor, onde ilusoriamente achamos que vamos encontrar algum lugar mais seguro numa situação futura. A expansão é baseada apenas no prazer e alegria de viver a vida".
Já vi essa forma de pensar antes. Faz parte de mecanismos de autossabotagem. A negatividade que carregamos gera vários tipos de pensamentos absurdos, mas que parecem bem lógicos, para que fiquemos estagnados no sofrimento. Agora vamos aprofundar um pouco a resposta dada.
A primeira coisa a ser esclarecida é que as situações que nós vivemos nunca são a fonte real do nosso sofrimento. A não ser que você esteja em uma situação de pobreza extrema, faltando comida, água e abrigo. Não é o caso da vasta maioria dos leitores. Nosso sofrimento é interno, é emocional, e é causado pela nossa forma negativa de lidar e interpretar a realidade.
A mesma situação que para um causa enorme sofrimento, outra pessoa tira de letra. Quando atendo clientes cheios de problemas, trabalho apenas as emoções dos clientes através da *EFT (técnica para autolimpeza emocional, veja como receber um manual gratuito no final do artigo), e eles melhoraram profundamente, ainda que eu não tenha feito nada na vida prática deles. Ou seja, são as mesmas situações acontecendo, mas agora temos uma pessoa que já não sofre diante daquilo que antes provocava tanta dor. Isso significa que a pessoa entrou em um estado mais profundo de aceitação diante da realidade.
Quanto mais crescemos emocionalmente, mais felizes e em paz ficamos, e menos a nossa felicidade e paz interior são afetadas pela situação de vida que estivermos vivendo. Mas o interessante é que, a partir dessa grande mudança interior, normalmente as pessoas começam a agir de uma forma bem diferente. Com isso elas acabam por mudar várias coisas e as condições de sua vida externa se tornam bem mais agradáveis do que antes. Essa é uma forma positiva de sair da zona de conforto e expandir: primeiro elimina-se a dor e ficamos em paz, depois a ação para a mudança acontece de forma espontânea.
A vida não é cheia de sofrimento. Ela é repleta de situações. Quando não sabemos lidar com tais situações nós criamos o sofrimento. Por isso a solução não é mudar a vida, e sim, mudar o nosso interior. Até mesmo uma situação de sofrimento físico pode ser vivida com ou sem o sofrimento emocional adicional.
Só que muitas pessoas são motivadas a sair da zona de conforto em que se encontram pela dor. Por um certo tempo o seu sofrimento é suportável diante de determinadas situações e ela fica acomodada, e muitas vezes passa a reprimir e não olhar muito para a sua dor, como forma de se proteger. Quando agimos assim, as situações de vida ficam cada vez mais complicadas, e nosso sofrimento interior tende a aumentar.
Mas chega um determinado momento que não há mais como negar ou reprimir pois a dor se torna muito intensa. Assim muitos se motivam a tomar providências como: mudar de emprego, terminar um relacionamento, buscar um novo negócio, se mudar da casa dos pais, cuidar da saúde, fazer exercícios ou perder peso. Essa é uma forma sofrida de ser empurrado para mudanças.
Melhor abraçar o autoconhecimento de forma voluntária. Pois quanto mais crescemos, mais os desafios da vida são vividos com serenidade, sem sofrimento. Viveremos uma vida feliz, sem necessidades que as coisas mudem para que fiquemos em paz. Ao mesmo tempo, teremos o impulso de criar, expandir, crescer profissionalmente, melhorar e construir novos relacionamentos, cuidaremos mais da nossa saúde física e viveremos novas experiências pelo simples prazer que isso proporciona, e não mais como fuga. Essa é a nossa verdadeira natureza.
André Lima
EFT Practitioner, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki e Engenheiro.
Fonte: Somos Todos Um