Você já se perguntou pra que serve Deus ou Religião?
Não fique satisfeito com as respostas aprendidas no catecismo, dentro da sua família ou nas fileiras de cadeiras em alguma igreja neopentecostal ou centro espírita.
Tô perguntando isso, porque já me perguntei algumas vezes, e me surpreendi com as repostas óbvias e automáticas que minha mente insistia em me dar. Tive a ousadia de me perguntar sobre isso com sinceridade e as respostas foram igualmente reveladoras.
Respostas como: “Porque todo mundo tem quê ter uma religião”, “Porque todo mundo tem quê acreditar em deus”, “Porque temos quê acreditar em alguma coisa”. Mas essas respostas não me satisfizeram, afinal, eu não tenho que nada.
Não é porque aprendi algo assim ou assado que eu tenho que acreditar. Na boa, não somos mais crianças e não estamos na "inquisição" pra ser obrigado a acreditar em deuses, religiões ou precisar necessariamente ter FÉ.
Até porque se você parar pra pensar a religião de ontem é a mitologia de hoje. E a religião de hoje certamente será a mitologia de amanhã. Os ameríndios nominavam de “deus” qualquer fenômeno natural, assim como fizeram os gregos, egípcios, romanos, nórdicos, bárbaros, celtas, orientais, etc.
Não existe um povo que não tenha tido seu séquito particular de deuses ou divindades, espíritos protetores, gênios do bem ou do mal, demônios ou um deus único.A história está repleta dessa mitologia toda. Então porque nossas crenças de hoje precisam ser levadas a sério?
O que faz o deus mitológico judeu-cristão oriundo dos contos de dois mil anos atrás mais “real” que os outros? Nada. Absolutamente nada. Somente sua fé nisso é que mantém essa parada viva pra você.
Apenas aprendemos isso com nossos pais e pares sociais que aprenderam com seus antepassados, que aprenderam com seus antepassados...resumindo é apenas uma tradição oral e escrita que é aceita pelas pessoas com preguiça mental.
Assim como superstições e misticismo, a fé em algo "superior" também é aprendida e fruto da influência de terceiros sobre sua mente. Aliás, fazer a cabeça do povo é a coisa mais fácil do mundo. Todo mundo no geral (eu também já fui assim em algum grau), vive com a mente no automático.
E graças a esse “desleixo” muita porcaria, crença inútil e aberrações psicológicas se instalam na nossa cachola, sem que tenhamos a coragem de verificar se esse monte de coisa serve realmente pra gente ou continua só por comodismo.
Eu sei que neste momento sua mente está discutindo isso e talvez alguns até estejam me xingando por “ousar” discutir a utilidade e necessidade de ter um deus ou uma fé religiosa. Mas eu pergunto de novo: porque eu, você ou qualquer outra pessoa teríamos que acreditar em um deus e ter uma religião?
Eu sei, muitos nunca tiveram a ousadia de se perguntar isso, pois tem medo da resposta ou do efeito que isso vai ter em sua vida.Como nem nossa mente sabe “o porque” de crer em algo que ela mesmo não sabe o que é, nem tem argumentos para dar suporte a tal fé.
Ela começa a repetir frases aprendidas, torna-se agressiva ou tenta usar de intimidação (como faziam as pessoas mais velhas quando você era criança) pra tentar dissuadir aquele que “ousa” questionar. Se perguntassem o porque acreditar em deus, eu diria que é uma escolha pessoal, assim como a religião que você quer ou não seguir.
Voce poderia acreditar no Pernalonga ou no Patolino, dar-lhes atribuições mágicas e sobrehumanas, criar um altar onde você faria pedidos ao coelho orelhudo ou ao pato mau-humorado dos desenhos.Você pode acreditar realmente que o Pernalonga tem poder de curá-lo de uma enfermidade, ou o Patolino de ajudá-lo a crescer profissionalmente.
Tenha certeza que em algum nível, seu novos “deuses” irão ajudá-lo em sua empreita. Porque não é o Deus que você imagina, crê, ou põe fé que te cura, não é o marceneiro da judéia, o espírito de fulano, o gênio ou anjo que faz isso.
Pois no fundo você apenas esta mudando o nome, porque nem você, nem eu ,sabemos
realmente o que é. São apenas nomes para fenômenos cujo mecanismo e funcionamento desconhecemos. Como não temos a mínima idéia do que é, damos nomes e atribuições fantásticas, criamos “leis” ou “regras” de comportamento baseadas nesses personagens e sua mitologia.
Somos levados à acreditar numa série de bobagens que foram criadas ou reinterpretadas por outros de acordo com suas predileções pessoais, e interesses de classe para controlar a vida de um grupo de pessoas. Mas nós sabemos lá no fundo que temos MEDO de assumir que não acreditamos nisso, ou que nossa definição desses fenômenos que não compreendemos ainda, seja inteiramente pessoal e não coletiva.
Me causa espanto que em pleno século XXI, a luz da ciência que anda a passos largos nos últimos dois séculos, ainda tenhamos que discutir isso. Isso já deveria ser página virada. Por isso, tenha a coragem e a ousadia de se perguntar afinal pra que serve tudo isso.
Esse Deus, essa Religião realmente estão funcionando pra você? Te leva à algum lugar? E o custo benefício dessas crenças religiosas, deuses, entidades e toda essa mitologia? O que você já deixou de viver, fazer, sentir por causa de um monte de palavras escritas em algum livro?
Quanto medo você teve de questionar esses “ensinamentos”? Quanta dor suas crenças religiosas já te causaram? Qual o benefício de todas essas crenças e o efeito prático na conquista de sua felicidade?
Algumas perguntas que você precisa fazer antes morrer, até porque nós nem sabemos o que vai acontecer mesmo conosco depois de nossas funções orgânicas cessarem. Afinal, quem te garante que haverá um "depois"? Então invista no agora, porque o amanhã não há garantias.
Quando perguntam minha definição de deus, eu sempre digo que pra mim “deuses” não existem, mas são uma “boa idéa” pra tentar explicar aquilo que não se consegue explicar ainda na luz da ciência, por falta de dados.
Mas supor que um bando de pastores de ovelhas no oriente médio, oriundos de uma época onde o maior avanço ciêntifico era a “roda de tear”, tenham maior capacidade de imaginar algum tipo de resposta mais lúcida do que eu, você, ou a maioria da humanidade contemporânea, é no mínimo baixa autestima somada a um nível de cretinice assombroso.
Bom, fica aqui o toque, questionem suas crenças. Não tenham “vergonha” ou medo de desacreditar no que quer que seja. Tenham a ousadia de sair do casulo onde convenientemente “vivem” pelo menos noventa por cento da população mundial.
Até porque nunca vi um ateu ser fulminado pelos raios flamejantes de um deus barbado irado vestindo camisola ,ou algum pecador sofrer punição em algum inferno dantesco nas mãos de algum chifrudo bronzeado, manuseando garfo de churrasco.
Por isso ousem questionar o inquestionável, pelo menos pra ter certeza onde você está jogando suas crenças.
Renato Palhano