domingo, 9 de junho de 2013

A Família, Expectativas e as Marcas da Decepção

As crianças fazem tudo para ter atenção e reconhecimento. Tudo o que elas não querem é decepcionar a família. Mesmo quando já somos adultos temos ainda algo infantil que precisa atender às expectativas da família, nos levando a fazer coisas e viver de um modo que vai contra nossa verdadeira vontade. Isso fica mais forte quando sentimos que no passado ficamos devendo algo e decepcionamos as expectativas dos pais.


Esse sentimento pode surgir de uma forma muito inconsciente, já na concepção ou no nascimento. Vou explicar como. Não é raro atender pessoas no consultório que guardam sentimentos negativos porque nasceram com um determinado sexo enquanto o pai ou mãe esperavam que fosse outro. Às vezes, os pais comentam sobre a preferência que foi frustrada, mas outras vezes, isso é passado para a criança em pensamentos, atitudes e palavras indiretas.

A criança, então, cresce com uma sensação de que precisa fazer algo para compensar, e muitas vezes se torna boazinha demais, na tentativa de redimir o seu ‘erro de ter nascido com o sexo diferente do desejado. Esse tipo de comportamento de compensação não é percebido pela criança nem pelos pais. A criança parece que é simplesmente daquele jeito e, normalmente, ninguém percebe que existe um sentimento de culpa.

Geralmente, essas coisas só ficam claras através de insights, ou seja, percepções e compreensões que vão surgindo durante o trabalho terapêutico enquanto estamos aplicando *EFT (técnica para autolimpeza emocional, veja como receber um manual gratuito no final do artigo) no consultório.

Outro sentimento que já vi surgir bastante em consultório, é a sensação de que a pessoa nasceu na hora errada. Isso acontece principalmente quando se nasce em uma fase em que a família atravessa um momento difícil, ou quando se tem muitos irmãos. A criança fica com a sensação de que veio pra causar sofrimento. Novamente, nada disso é claro pra criança, nem para os pais, é um processo inconsciente.

A pessoa age sem ter noção de que está sendo dirigida por uma culpa ou necessidade de compensação. Acaba seguindo caminhos que levam ao sacrifício dos seus desejos reais, na tentativa de agradar aos pais. O resultado é a sua própria infelicidade, que contribui também para a infelicidade da família.

Uma reação oposta que pode ocorrer é a criança se tornar rebelde e agressiva. É a raiva inconsciente que ela sente por achar que não foi bem vinda. É como se ela sentisse que os pais a culpam pela própria infelicidade, pelos momentos difíceis, e isso a deixa revoltada. Inconscientemente, é como se ela estivesse dizendo "me amem do jeito que eu sou, não importa o momento em que eu nasci, vocês são meus pais e tem que me amar e cuidar de mim, a responsabilidade é de vocês!". Por trás dessa revolta há sentimentos de tristeza, rejeição e culpa.

Esse jogo de expectativas vai mudando para outras fases da vida: expectativa que o filho seja heterossexual; expectativa que seja o melhor aluno; expectativa que siga tal profissão; expectativa que se case, expectativa que tenha filhos; expectativa que faça concurso. E quando a pessoa não atende ao esperado pela família, muitos sentimentos surgem: a família fica decepcionada, sente raiva, rejeita.

O filho sente culpa, tenta compensar, se sente rejeitado, e às vezes também fica com raiva e se torna rebelde. E quando o filho atende as expectativas da família sem que estas sejam suas reais vontades (e muitos fazem isso sem nem saber), acaba entrando em sofrimento: dificuldades no casamento, na vida profissional, dificuldades emocionais, depressão...

Em um curso de EFT e prosperidade financeira atendi uma aluna (faço sessões de EFT nos cursos, na frente de toda turma, com alunos que queiram ser voluntários) que relatou ter uma facilidade enorme pra chorar. Ao começar o atendimento, ela relatou que seu pai esperava que ela fosse um menino para que pudesse ajudá-lo quando crescesse. Relatou também que tinha muitos irmãos e a família passava muito aperto. O sentimento que ela carregava até hoje (com mais de 60 anos de idade), era o de se sentir rejeitada e culpada exatamente por ter frustrado as expectativas da família e se sentir causadora do sofrimento.

Tornou-se, então, "a boazinha" para agradar os pais e se redimir. Uma das coisas que fez para agradar aos pais, foi ir para um convento. Isso trazia dois benefícios: fugia da situação material difícil de casa, e agradava aos pais que adoravam a ideia de ter uma "santa" na família. Em um determinado momento, ela viu que estava muito infeliz com a escolha que fez e decidiu voltar pra casa. O resultado: mais uma decepção pra família... A mãe adoeceu de tanta decepção.

Depois casou-se, mais para sair de casa (por causa das dificuldades) do que por vontade, e também pra não ficar "solteirona". Após alguns anos não se sentia bem com o casamento, tinha vontade de separar, mas nunca se permitiu tomar essa decisão, pois seria também mais uma grande decepção para a família. Até, então, ela colecionava várias decepções: ter nascido mulher, ter nascido numa época difícil e ter abandonado o convento. Se separar seria demais.

Todos esses sentimentos se acumularam provocando uma facilidade em chorar fora do comum. Ninguém é "chorão" à toa. Tem sempre algo guardado para justificar. A boa notícia é que tudo tem cura. O que devemos fazer? Quando aplicamos a EFT, devemos trazer à tona todas essas lembranças. Elas vêm com uma carga emocional. Utilizamos a técnica para limpar profundamente cada aspecto que surge. À medida que vamos limpando as sensações que brotam, o sentimento de culpa vai dissolvendo, a sensação de rejeição perde a força...

Fizemos um trabalho de mais de uma hora durante o curso. Foi bem emocionante ver os sentimentos se dissolverem, e a aluna ganhando cada vez mais paz interior. O semblante vai mudando, a respiração vai ficando mais leve, o choro vai acabando. A fala também muda, a pessoa vai olhando pra tudo aquilo com uma sensação de distância. Algumas coisas que antes pareciam terríveis, começam até a ficar engraçadas.

A propósito, essa sessão foi feita em curso de EFT e prosperidade financeira. E o que tem a ver o quanto a pessoa ganha ou deixa de ganhar com essas coisas? Simplesmente tudo. Dificuldades ou falta de crescimento financeiro estão sempre ligados a questões de autoestima, sentimentos de não merecimento, entre outras coisas. Limpando tudo isso, a autoestima se eleva, e a vida floresce em todas as áreas, inclusive na financeira.

André Lima 



EFT Practitioner, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki e Engenheiro.
andre@eftbr.com.br
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Fonte: Somos Todos Um