Jesus nasceu judeu: os judeus não o aceitaram. Buda nasceu hindu: os hindus não o aceitaram. E assim que sempre foi. Por quê? Porque sempre que um homem como Jesus ou Buda nasce, ele é tanta rebelião que tudo que está estabelecido é abalado.
Um homem comum vive no passado - e para o homem comum o passado é mais importante, porque o passado já está estabelecido, enraizado. Ele tem muita coisa do passado em jogo, tem muito investimento no passado.
Por exemplo, se de repente vou até você e lhe digo que o modo como você está rezando é errado, e você esteve rezando desse modo por cinquenta anos - agora há muito em jogo.
Acreditar em mim será acreditar que seus cinquenta anos foram inúteis. Acreditar em mim será desacreditar cinquenta anos da sua vida; acreditar em mim será acreditar que você esteve sendo um tolo durante cinquenta anos. Isso é demais! Você lutará, você se defenderá.
E quando se trata de toda uma raça... Por milhares de anos aquele povo esteve fazendo certas coisas e, então, vem um Jesus e bota tudo de cabeça para baixo! Tudo vira um caos novamente. Ele dissolve tudo que estava estabelecido, arranca tudo o que se pensava ser muito significativo, cria uma confusão. Mas ele não podia deixar de fazê-lo, porque ele trazia agora a coisa certa.
Mas durante séculos você esteve acreditando que outra coisa era o certo. O que escolher — Jesus ou seu longo passado? O que escolher — Jesus ou a tradição?
Você sabe de onde vem a palavra “tradição”? Ela vem da mesma raiz que a palavra inglesa trade (comércio). Ela também vem da mesma raiz que a palavra traitor (traidor). A tradição é uma marca, é um negócio - e a tradição também é uma traição.
A tradição crê em certas coisas que não são verdadeiras — a tradição é uma traidora da verdade. Assim, sempre que chega a verdade, há conflito.
Osho, em "Palavras de Fogo: Reflexões Sobre Jesus de Nazaré"
Fonte: Palavras de Osho