terça-feira, 9 de julho de 2013

Abra a Porta




Osho, você nunca chora?
Sim, sempre que olho para vocês. Vocês podem não ver minhas lágrimas, podem não ouvir meu choro, mas sempre que olho para vocês o choro me vem.




Por causa disso, continuo trabalhando em vocês. Não é só para ajudá-los a saírem da sua miséria, é para ajudar-me também. Se vocês saírem da sua miséria, eu sairei da minha miséria, que é criada pela miséria de vocês.

Dizem que, quando Buda chegou à porta do Supremo, ele parou ali, não podia entrar. A porta estava aberta, os devas, os deuses, estavam prontos para lhe dar as boas-vindas, mas ele não podia entrar. Os devas lhe perguntaram:

- Por que você está parado aí? Entre. Estamos esperando por você há séculos. Seja bem-vindo. Você voltou para casa.

Buda disse:
"Eu ficarei aqui, tenho de ficar aqui. Até que o último ser humano passe por mim e entre por essa porta, eu não posso entrar."

Esta é uma bela parábola. Não a tome literalmente... Mas ela é verdadeira. Quando você se torna consciente, quando se torna um ser - quando você é -, infinita compaixão surge em você.

Buda fez da compaixão o critério da iluminação. Uma vez que você a tenha atingido, você não sofre por si, mas pelos outros: vendo a miséria por todo lado, vendo o absurdo de tudo aquilo; vendo a possibilidade de que você possa sair dali imediatamente, agora mesmo, e, contudo, você continua a se amarrar...

Por um lado, você empurra a miséria para fora, por outro, puxa-a para perto. Você vai criando suas próprias prisões e, contudo, gostaria de ser livre. Todo o seu esforço é contraditório. Você quer vir para o oriente e vai na direção do ocidente.

Vendo vocês... sim, eu choro sempre.

Osho, em "Palavras de Fogo: Reflexões Sobre Jesus de Nazaré"