Hoje eu estava vendo a historia do maestro e pianista, João Carlos Martins.






O cara ficou famoso por ter sido um grande pianista clássico e também por superar a paralisia de suas mãos que o impediu de continuar a tocar, e com isso ele se tornou maestro.

História bonita de superação, mas não é disso que eu quero falar. Na verdade a historia desse homem serve pra ilustrar o que me motiva a escrever.

O maestro perdeu sua capacidade de tocar piano por causa de uma lesão no nervo. Recuperou parte dos movimentos e novamente os perdeu quando sofreu uma pancada na cabeça num assalto.

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar por acaso. Isso é certeza.

Sabemos que a vida tem maneiras estranhas de nos pôr no caminho certo, uma delas é a PERDA daquilo que mais valorizamos. Como nós somos muito presos a coisa do TER, toda vez que a vida precisa falar pra gente ouvir, ela nos tira alguma coisa.

Eu já experimentei isso na minha vida umas vezes, aliás não conheço ninguém que não tenha experimentado algo semelhante de alguma forma.

Só que na maioria das vezes, nós não fazemos a leitura correta da PERDA e com isso nós sofremos muito com ela ou pior, ela se repete de novo, e de novo, e de novo...

Se você se observar, vai perceber que muitas vezes você não TEM as coisas, as coisas sim parecem TER você.

Muitas vezes vivemos numa "prisão" onde ter e possuir, somado as tarefas e obrigações, se sobrepõe ao existir. Quem vive muito nesse roteiro maluco da cabeça, começa a perder o "senso", e a lucidez se perde.

Falei em se perder? Ah sim, você "se perde", muito antes de perder alguma coisa de valor. Pode ser algo material, dinheiro, emprego, saúde, amizades, amor...

Quando uma pessoa é "arrogante", ou seja, vive muito na cabeça que não deixa seu verdadeiro "eu" fluir, a vida tem que fazer alguma coisa pra trazer você de volta ao equilíbrio. E a PERDA é uma dessas maneiras.

A ironia é que muitas dessas "perdas" acabam virando ganhos lá na frente.

Como temos uma visão muito limitada da vida, podemos supervalorizar coisas que não são assim tão importantes no fim das contas. Mas o apego a certas situações, pessoas e coisas, não nos deixa enxergar isso.

Causar uma perda pra que você volte a enxergar a vida, e a si mesmo, de uma maneira mais simples, pode ser uma dessas maneiras.

Porque a "vida" sempre faz isso, ela tende a te fazer "voltar pro básico" quando sua cabeça começa a surtar. Quando nossas forças precisam nos trazer de volta, elas podem pegar pesado.

Ae que vem aquele "tornado" e põe tudo de cabeça pra baixo, obrigando você a rever suas verdadeiras necessidades, e voltar pro básico verdadeiramente.


Renato Palhano