Lembre-se, este é o mecanismo: se você quer explorar alguém, torne-o temeroso. Faça-o tremer, deixe o medo entrar em sua alma, e ele nunca será um homem livre. Uma vez que o medo entrar em sua alma, você não pode ser um homem livre. Então, você constantemente tem medo de fazer o que quer fazer porque para essas coisas há castigo, e continua a fazer o que nunca quis fazer, só para adquirir algumas recompensas.
Eu ouvi contar: Seis amigos viajaram para caçar. Um deles teria de fazer toda a comida. O cozinheiro designado ficaria na cabana, controlaria todas as tarefas, e claro que ficaria excluído da diversão do dia. O arranjo se manteria até que alguém reclamasse de sua comida; então, o reclamante seria obrigado a se tornar o cozinheiro.
Havia grande excitação enquanto a sorte era tirada para determinar quem ficaria encarregado da tarefa desagradável. Joe se tornou o infeliz.
Durante dois dias, Joe se irritou e suou. No terceiro dia, pensou que deveria ficar furioso. Os outros cinco estavam brincando, atirando e se divertindo, e ele estava fechado na cozinha sufocante e quente da pequena cabana. Joe decidiu que uma situação desesperada exigia um remédio desesperado. Assim, ele jogou um monte de merda na sopa e mexeu até que se dissolvesse.
Naquela noite, ele serviu uma sopa de cebola marrom. Sam pegou uma colherada; quando a levou aos lábios e provou o líquido nocivo, deixou escapar: “Meu Deus! Isto tem gosto de merda!”. Então, percebendo de repente qual seria a penalidade, acrescentou: “Tem gosto de merda — mas eu gosto!”.
Isso é o que está acontecendo a você. O medo do inferno... então ele tem um gosto de merda, mas você continua a dizer “mas eu gosto”.
Seja corajoso e abandone toda essa tolice. Não há inferno e não há céu; você cria seu céu e cria seu inferno. Não há ninguém em lugar algum para castigá-lo ou recompensá-lo. Esqueça essas ideias infantis de Deus — que se você for bom o papai virá com brinquedos, e se for ruim terá de perder seu almoço ou seu jantar e ficará fechado no banheiro, ou algo assim acontecerá.
Não há ninguém. Você é livre.
Mas eu não estou dizendo que você não pode criar um inferno para você — você pode. O fundamento deve ser entendido; se você quer criar céu ou inferno, o fundamento é o mesmo.
Ame, desfrute, celebre, e você estará criando o céu — porque tudo que você é, se está contente, se é jovial, você compartilha: sua felicidade e sua alegria. Você só pode compartilhar aquilo que você é, e, quando o compartilha, repercute em você. Essa é a lei. A vida reflete e ecoa tudo o que você lança na vida — vem de volta, mil vezes mais vem de volta.
Sorria, e a existência inteira sorri para você. Grite e insulte, e a existência inteira grita e o insulta. E você é a causa de tudo isso; você cria o processo inteiro.
Não é que a existência esteja interessada em gritar e insultá-lo. A existência é neutra; ela simplesmente reflete, é um espelho. Você faz uma cara feia, e vê uma cara feia no espelho; você sorri, e o espelho sorri.
E lembre-se, as recompensas e os castigos não vêm do exterior; você os cria. Você é a oportunidade para eles, você é a terra.
Você é livre — mas por liberdade não quero dizer que você é irresponsável. Na verdade, em liberdade você fica totalmente responsável — porque você é responsável por si mesmo; ninguém mais é. Nenhum Deus é responsável por você, você é o responsável.
Se você for miserável, lembre-se, você deve estar criando isso. Descubra como. E você encontrará as razões — tente procurar as razões e você as achará.
Se você está contente, então também procure dentro de si a razão por que está contente. E crie essas situações cada vez mais. Você ficará mais feliz.
Osho, em "A Revolução: Conversas Sobre Kabir"
Fonte: Palavras de Osho