A compaixão tem de ser compreendida, porque ela é o amor que atingiu a maioridade.
O amor comum é muito infantil, é um joguinho divertido para adolescentes. Quanto mais rápido você superar esse amor, melhor, pois o seu amor é uma força biológica cega. Ele não tem nada a ver com crescimento espiritual.
É por isso que os casos de amor se tornam uma coisa estranha, ficam extremamente amargos. Era tudo tão sedutor, tão excitante, tão desafiador, que por esse romance você poderia até morrer... agora você pode até morrer, mas não por ele — você pode morrer para se livrar dele!
O amor é uma força cega. Os únicos amantes bem-sucedidos são aqueles que nunca conseguiram ficar com a pessoa amada. Todas aquelas grandes histórias de amor... Laila e Majnu, Shiri e Farhad, Soni e Mahival, três histórias orientais de grande amor, comparáveis a Romeu e Julieta.
Mas nenhum desses grandes amantes conseguiu acabar juntos. A sociedade, os pais, tudo era um obstáculo. E eu acho que talvez isso tenha sido bom. Depois que os amantes se casam, não resta mais nenhuma história de amor.
Majnu teve sorte de nunca ter ficado com Laila. O que acontece quando duas forças cegas se encontram? Como as duas são cegas e inconscientes, o resultado não pode ser lá muito harmonioso. Ele só pode ser um campo de batalha de dominação, de humilhação, de todo tipo de conflito.
Mas, quando a paixão passa a ficar alerta e consciente, toda a energia do amor atinge um aprimoramento; torna-se compaixão.
O amor é sempre dirigido a uma pessoa, e o seu desejo mais profundo é possuir essa pessoa. O mesmo vale para a outra pessoa — e isso torna a vida um inferno para ambas.
A compaixão não é dirigida a ninguém. Não é um relacionamento, é simplesmente o seu próprio ser. Você fica feliz em ter compaixão pelas árvores, pelos pássaros, pelos animais, pelos seres humanos, por todo o mundo — incondicionalmente, sem pedir nada em troca.
Compaixão é libertação da biologia cega.
Osho, em "Compaixão: O Florescimento Supremo do Amor"
Fonte: Palavras de Osho