quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Minha Trindade: Vida, Amor, Riso






Osho,
Por que a humanidade está tão infeliz hoje?







"Yuri Gagarin, o primeiro astronauta russo, foi o primeiro homem a olhar a Lua tão de perto e o primeiro homem a olhar a Terra a tanta distância.

Quando ele voltou, disse que ficou surpreso, pois naquele momento não podia imaginar uma parte da Terra como a União Soviética, outra parte como os Estados Unidos, outra como a Índia, outra como a China; não havia partes. E a Terra toda era tão luminosa quanto a Lua. Foi preciso apenas uma distância para ver a luminosidade, porque os raios do Sol estão sendo refletidos de volta.

Se você olha da Lua, a Terra parece a Lua e a Lua parece a Terra. A Lua não brilha sobre a Lua. É nos seus olhos refletidos à distância que os raios do Sol dão luz à Lua. Yuri Gagarin não estava consciente, antes disso, de que um milagre ia acontecer; a Lua torna-se exatamente como a Terra, e a Terra torna-se luminosa. A Terra é oito vezes maior que a Lua, e por isso sua luz também é oito vezes maior. É enorme, inimaginável.

Quando ele voltou a Moscou, as pessoas lhe perguntaram: "Qual foi a primeira ideia em sua mente quando você viu a Terra da Lua?". Ele disse: "Vocês terão de me perdoar; eu esqueci completamente que era russo. Disse simplesmente: 'Ah, minha linda Terra'. Essas foram as primeiras palavras que vieram à minha mente".

Para ver um simples fato, uma pessoa tem de ir tão longe? É a nossa bela Terra. Ela não pertence a raça nenhuma, a nação nenhuma; ela pertence a todos nós. Mas, em vez de usarmos nossas forças e energias vitais, nossa inteligência para nos alegrar, estamos trabalhando arduamente na manufatura da morte. Parece que a única função da vida é manufaturar a morte. Isso é totalmente absurdo.

Este planeta tem a capacidade de se tornar um paraíso, mas isso depende de nós. As pobres montanhas não podem fazer nada; as pobres árvores podem dançar ao sol, na chuva, mas não podem fazer mais que isso. Só o homem pode transformar toda a atmosfera da orientação de morte para a afirmação da vida.

E, para mim, o homem que é afirmativo à vida é autenticamente religioso, e não as pessoas que vão à igreja todo domingo, ou as pessoas que vão à mesquita, ou as que vão à sinagoga. Estas estão enganando a si mesmas, comprando a religião por um preço muito baixo, sem arriscar nada, sem se transformar. Elas conseguiram criar lindos brinquedos: estátuas de Deus, escrituras vindas do céu, mensageiros e profetas imaginados... porque nós amamos a ideia de que Deus se importa conosco e nos envia mensageiros.

Acreditamos nesses mensageiros por causa do nosso ego. Acreditamos em Deus por causa do nosso ego: Deus criou o homem, e Deus criou o homem à sua imagem, e Deus criou o homem como a criação suprema. Depois disso, ele não criou. Essa foi a última assinatura da sua criatividade; depois, ele se aposentou.

Para mim isso tem um significado totalmente diferente. O homem tem acreditado que foi criado por Deus porque isso lhe dá sensação de um grande ego: "Não sou uma pessoa comum, mas sim uma criação de Deus." Mas, para mim, a própria ideia de Deus é feia, e a ideia de que ele criou o homem transforma esse homem apenas numa marionete.

A ideia de que você foi criado por alguém — manufaturado, talvez feito à mão — tira toda a dignidade, todo o orgulho e todo o autorrespeito. Então você não pode ter uma alma própria. Então você certamente é um mecanismo e nada mais. E, além disso, está nas mãos de um Deus caprichoso. Em primeiro lugar, por que ele permaneceu em silêncio, durante toda a eternidade, e não criou você?

De acordo com o cristianismo, ele criou o homem exatamente 4004 anos antes de Cristo. Presumo que deve ter sido segunda-feira, 1º de janeiro. Essa é uma conclusão lógica. Ele não poderia ter criado você em nenhum outro dia, porque antes da criação não poderia haver nenhum calendário. Assim, qualquer que tenha sido o dia em que ele o criou, foi 1º de janeiro, e o primeiro ano de Nosso Senhor.

Isso me lembra algo: um astrólogo judeu era muito famoso e conhecido pelas suas previsões acuradas. Adolf Hitler, embora relutante, mas sabendo perfeitamente que o homem havia previsto coisas que realmente aconteceram, finalmente concordou em permitir que ele lesse o seu destino, porque o seu destino era o destino da nação. A seus olhos, seu destino era o destino do mundo todo, e não apenas por um ano; sua ideia era ter um domínio de mil anos sobre a humanidade toda. O astrólogo judeu veio, estudou as estrelas do dia em que Adolf Hitler nasceu, examinou seus livros e disse: "Só uma coisa é certa: você morrerá num feriado judeu". Adolf Hitler disse: "É uma previsão estranha; o que você quer dizer com isso? Qual feriado?". O astrólogo disse: "Isso não é certo. Só é certo que, qualquer que seja o dia em que você morrer, ele se tornará um feriado judeu!".

Da mesma forma, qualquer dia em que Deus tenha criado o mundo deve ter sido em 1º de janeiro; não há outra forma. E apenas seis mil anos atrás... O que dizer sobre antes disso? É por isso que o chamo de caprichoso. Esse Deus caprichoso permaneceu em silêncio durante toda a eternidade, nunca criou nada, e em apenas seis dias criou o mundo todo, e desde então nada se sabe a respeito dele.

No sétimo dia ele descansou. Tudo bem, é permitido. Mas a pessoa tem de voltar ao escritório na segunda-feira! Ele nunca voltou ao escritório, e, de mais a mais, será perigoso se ele retornar ao escritório; o que fará? Agora a única coisa que resta é destruir. E um Deus que cria um mundo sem razão alguma também é capaz de destruí-lo sem razão alguma.

Você não tem resposta para a sua questão de por que foi criado, nem terá tempo de perguntar por que foi destruído. Quem vai perguntar? A ideia toda de Deus ter criado o homem tirou a beleza da vida, a alegria da vida, transformou-a em mecanismo.

Quero tirar Deus da sua vida, para que você possa pela primeira vez se sentir independente, livre, não como uma marionete criada, mas como uma fonte eterna de vida. Só então poderá festejar.".

Osho, em "Religiosidade é Diferente de Religião"



Fonte: Palavras de Osho