sábado, 21 de dezembro de 2013

Só os Idiotas Têm Certeza


O que é a mente?

Um contínuo processo de pensamento, uma contínua procissão de pensamentos, associados, não-associados, relevantes, irrelevantes , muitas impressões multidimensionais juntas, vindas de toda parte.

A vida inteira é um ajuntamento, um ajuntamento de poeira. E isso continua e continua...


A criança nasce. A criança é límpida, porque a mente não existe. No momento em que a mente aparece, surge a turvação, a confusão. Uma criança é desanuviada, uma claridade, mas ela terá de juntar conhecimento, informação, cultura, religião, condicionamentos – necessários, úteis.

Ela tem de juntar muitas coisas de todos os lugares, vindos de muitas fontes – fontes opostas, contraditórias. Ela colherá de milhares e milhares de fontes. Então, a mente se tornará um mercado, uma multidão. E, devido a tantas fontes, a confusão está fadada a existir. E seja o que for que você colete, nada é exato, porque o conhecimento é sempre um assunto que cresce.

Eu me lembro, alguém me contou uma história. Ele era um grande buscador, e ele me contou isto, sobre um professor que lhe ensinara durante cinco anos numa faculdade de medicina. O professor era um grande conhecedor na sua especialidade. A última coisa que ele fez foi juntar seus alunos e lhes dizer: “Mais uma coisa, eu tenho de lhes ensinar.

O que quer que eu lhes tenha ensinado, somente cinquenta por cento estão corretos, e os cinquenta por cento que sobram estão absolutamente incorretos. Mas o problema é este: eu não sei quais cinquenta por cento são corretos e quais cinquenta por cento são incorretos – eu não sei.”.

Todo o edifício do conhecimento é assim. Nada é certo, ninguém sabe nada, todos estão tateando no escuro. Através do tato, criamos sistemas, e existem milhares e milhares de sistemas.

Os hindus dizem uma coisa, os cristãos dizem outra coisa, os muçulmanos dizem mais uma outra coisa... – todas contraditórias, todas contradizendo umas às outras; nenhum acordo, nenhuma certeza – e todas essas fontes são fontes para a sua mente.

Você as coleta: sua mente se torna um quintal de refugo; é fatal que a confusão esteja presente. Somente uma pessoa que não saiba muito pode ter certeza. Quanto mais você souber, mais incerto você se tornará.

Pessoas... pessoas primitivas, tinham mais certezas e, aparentemente, pareciam ter mais clareza. Não havia, de fato, nenhuma clareza – simplesmente inconsciência dos fatos que poderiam contradizê-las.

Se a mente moderna é mais confusa, a razão é que o moderno sabe mais. Se você sabe mais, você ficará mais confuso, porque, agora então, você tem mais conhecimento, e quanto mais você sabe, mais incerto você se torna.

Somente idiotas podem ter certeza, somente idiotas podem ser dogmáticos, somente idiotas nunca hesitarão. Quanto mais você sabe, mais a terra é tirada de debaixo de seus pés, mais hesitante você se torna. O que eu quero dizer é isto: quanto mais a mente crescer, mais você saberá que a natureza da mente é confusão.

Quando eu digo que somente idiotas têm certeza, eu não quero dizer que um Buda é um idiota – ...porque ele não é incerto. Lembre-se da diferença. Ele não vive na certeza, nem vive na incerteza – ele simplesmente é límpido. Com a mente, incerteza; com a mente idiota, certeza. Com a não-mente, ambos desaparecem – certeza e incerteza.

Um Buda é uma claridade, um espaço, um espaço aberto. Ele não tem certeza – não há nada para se estar certo. Ele não está incerto, porque não há nada para se estar incerto. Somente aquele que está buscando certeza pode ficar incerto.

A mente está sempre incerta e sempre buscando certezas; sempre confusa e sempre buscando claridade. Um Buda é aquele que abandonou a mente; e com a mente, toda a confusão, todas as certezas, todas as incertezas, tudo é abandonado.

Veja a coisa assim: sua consciência é exatamente como o céu e sua mente é simplesmente como as nuvens. O céu permanece intocado pelas nuvens. Elas vêm e vão; não deixam nenhuma marca. O céu permanece virgem: sem nada gravado, sem pegadas, nada das nuvens, nenhuma memória. Elas vêm e vão; o céu permanece imperturbado.

Este é o caso dentro de você também: a consciência permanece imperturbada. Os pensamentos vêm e vão, as mentes se desenvolvem e desaparecem. E não pense que vocês têm uma mente; vocês têm muitas mentes, trata-se de uma multidão. Suas mentes vão mudando.

Você é um comunista, então você tem certo tipo de mente. Você pode abandoná-la e pode tornar-se anticomunista. Então, você tem uma mente diferente – não apenas diferente, mas bem oposta. Você pode ir mudando suas mentes, exatamente como muda de roupa. E você vai mudando.

E você pode nem estar ciente disso – de que essas nuvens vêm e vão. A claridade só pode ser alcançada se você se tornar ciente do céu; se você mudar o foco. Você está focado nas nuvens quando não está focado no céu. Tire o foco das nuvens e coloque o foco no céu.

                                                                           Osho, The Book of the Secrets, # 49



Fonte: Osho Sukul

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