Estive lendo um livro de Edmund Carpenter. Ele estava trabalhando num projeto sociológico, um projeto de pesquisa, em Bornéu. E escreveu:
"Numa cidadezinha em Bornéu, atendentes profissionais se sentam diante de janelas abertas, lendo e escrevendo. Como as pessoas são analfabetas, não conseguem ler nem escrever cartas, documentos, coisa alguma, precisam da ajuda de escritores e leitores profissionais. Fiquei surpreso ao notar que um deles estava tapando os ouvidos com os dedos enquanto lia em voz alta. Perguntei por que fazia isso e ele me disse que era a pedido do autor da carta, que não queria partilhar o conteúdo com o leitor!"
Então o leitor tapava os ouvidos com os dedos e lia em voz alta!
Isso está acontecendo na vida de todo mundo. Você vive se escondendo, mas tudo está sendo declarado, continuamente, em voz alta. Tudo está sendo transmitido; você é uma estação transmissora contínua. Mesmo enquanto dorme, está transmitindo.
Se um Buda se aproximar enquanto você dorme, será capaz de ver quem é você. Mesmo no sono, você fará gestos, caretas, movimentos, e dirá coisas. E todas essas coisas indicarão características suas, porque o sono é seu e com certeza traz sua assinatura.
Se uma pessoa se torna um pouco alerta, para de se esconder. É fútil, é ridículo. A pessoa, então, simplesmente relaxa. De tanto se esconder, você fica tenso, sempre com medo de que alguém possa conhecê-lo. Você nunca se expõe, nunca vive desnudo... espiritualmente, quero dizer. Você nunca vive na nudez, está sempre com medo. Esse medo o debilita e paralisa.
Quando você entender isso, tudo certamente será declarado. Já está sendo declarado, pois o centro está vindo para a circunferência a cada momento, e o oceano está agitando suas ondas; pois Deus está em todo lugar, espalhado pela existência, e você se mostra em todas as suas atividades — não adianta tentar esconder. Nada mais permanece escondido, tudo está tão claro quanto a luz do dia. Então, por que se incomodar?
É assim que se relaxa — a ansiedade, a tensão, a angústia desaparecem. De repente, você se torna vulnerável, não está mais fechado; de repente, está aberto; de repente, torna-se convidativo. E é isto que você precisa entender: somente quando se mostrar aos outros, se mostrará a si mesmo.
Osho, em "A Música Mais Antiga do Universo"
Fonte: Palavras de Osho