Este é um padrão emocional comum. Muitas tragédias causam uma grande comoção e sofrimento. As noticias na televisão não param. Muitas pessoas se sentem tocadas e começam a enviar ajuda. É o que está ocorrendo agora com as vitimas das enchentes de Alagoas e Pernambuco.
Vamos avaliar a diferença entre ser solidário e ficar em paz, e ser solidário sofrendo com os outros. Esse tema é semelhante ao que escrevi no artigo "A diferença entre pena e compaixão".
Estava eu em Recife ministrando curso de *EFT (técnica para autolimpeza emocional, veja como receber um manual gratuito no final do artigo) neste final de semana e surgiu esse tema. Falei que de nada adianta que a gente fique sofrendo com as tragédias que ocorrem, pois o nosso sofrimento não ajuda ninguém.
Uma aluna fez o contra ponto dizendo que ninguém consegue ser "frio" nem "insensível" a ponto de não se emocionar com as coisas que acontecem. E aí contou de casos que ela viu na TV, inclusive o garoto que recentemente morreu no Rio com um tiro de fuzil, e como ela ficou penalizada vendo o sofrimento da familia. Falou também que já havia sido "fria" ao lidar com a mãe que tem problemas de depressão, mas que aprendeu na terapia a deixar a emoção fluir, se expressar, assim passou a ser mais emotiva em outras situações.
Existe uma tendência de colocar as coisas nos extremos. Ou se é solidário, e quem é solidário sofre junto com as pessoas, ou se é uma pessoa fria e insensível e por isso não sofre nem ajuda ninguém.
Outra aluna falou que deixou de viajar no São João, que é uma das festas mais comemoradas aqui em Pernambuco (acho que só perde pro carnaval e ano novo), por causa da tragédia das enchentes. Ela pensou que com tanta gente sofrendo, ela não poderia sair e se divertir, por isso cancelou os planos.
Mas será que é possível uma outra opção? Ser solidário, sentir compaixão pelo sofrimento dos outros, ajudar quando for necessário e puder, e se sentir em paz mesmo assim? Eu acredito que esta é uma forma muito mais saudável de sentir e de ajudar o próximo.
De nada adianta assistir a uma tragédia na televisão e ficar chorando e sentindo tristeza, deixando a própria vida de lado. O que adianta é enviar doções, rezar, mandar bons pensamentos, qualquer coisa positiva.
Quando sofremos juntos com as outras pessoas estamos inclusive aumentando a vibração de sofrimento no inconsciente coletivo. Isso gera mais infelicidade, desequilibrio, o que certamente contribui para novas tragédias, pequenas e grandes. Não estamos isolados, sua felicidade ou infelicidade estão sempre influenciando o mundo.
Eu acho que todos devem ajudar, mas a melhor forma de fazer isso é se sentindo o mais feliz possível. Ajude, mas não associe que para ser solidário você precisa sofrer junto com as pessoas. Pelo contrário, entenda que sendo feliz você contribui para um mundo mais feliz.
Sofrer em solidariedade é algo muito comum nos sistemas familiares (se minha mãe é infeliz, eu me sinto culpado de ser mais feliz, por exemplo), e isso acaba se extendendo para além da família e se projeta nessas situações trágicas.
Como terapeuta, atendo casos muitas vezes terríveis, e a minha postura é de sempre me manter em paz, tranqüilo e fazer tudo que estiver a meu alcance dentro do trabalho terapêutico para amenizar ou mesmo eliminar o sofrimento de quem me procura.
Isso não tem nada a ver com frieza, e tem tudo a ver com manter o equilíbrio emocional e fazer o melhor. A mesma coisa deve ocorrer com os médicos. Certamente que existem aqueles profissionais que colocam uma capa de frieza, e chegam a ser insensíveis, grosseiros. Eu vejo isso apenas como uma máscara para disfarçar o próprio sofrimento e desequilíbrio. É possível atender bem, ser atencioso, sensível, ser solidário, fazer o melhor e se sentir em paz ao mesmo tempo.
Quando sofremos com as tragédias de outras pessoas, acumulamos carga emocional negativa, como se nós mesmos tivéssemos passado uma situação traumática. Já pensou nisso? Todos nós já carregamos traumas nas nossas vidas, e ainda somar tudo isso a sofrimentos de outras pessoas que nem estão ligadas as nós.
Assim as pessoas criam mais infelicidade, depressão, pânico, sensação de que o mundo está perigoso demais, que as pessoas não prestam, sensação de insegurança, medo e etc... É assim que muitos chegam ao consultório. Dessa maneira, temos que fazer EFT para limpar, além dos eventos já vividos pelo cliente, os outros eventos que ele "adotou" emocionalmente.
Sofrer com o sofrimento dos outros demonstra também culpa em ser feliz. Para amenizar a culpa a pessoa entra na tristeza, como a aluna que comentei que deixou de aproveitar o São João. Nem preciso dizer o quanto é comum a culpa em ter melhores condições de vida, de saúde, de ter uma família saudável, de ser mais bonito, inteligente, ter um talento especial...
Outra consideração importante, é que pessoas que facilmente se emocionam com situações de terceiros (e até mesmo com filmes, novelas) estão apenas entrando em contato com seu próprio sofrimento interior. Gatilhos emocionais são acionados dentro da pessoa que a remetem a situações conscientes ou inconscientes que estão mal resolvidas. Quanto mais em paz consigo mesmo, mas fácil será de ficar em paz diante do sofrimento de outras pessoas.
Eu recomendo, que, além de refletir sobre esse ponto de vista colocado, que a cada vez que você se emocionar com algo que não é seu, trate essa emoção fazendo EFT, da mesma forma que você trataria um evento específico da sua própria vida. Isso vai ajudar a não acumular carga emocional para você mesmo, e ainda terá como beneficio colateral a limpeza de sofrimentos pessoais seus que estão escondidos lá no passado.
André Lima
EFT Practitioner, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki e Engenheiro.
Fonte: Somos Todos Um